Economia

Selic em 10%: Fed pode fazer Campos Neto mudar de ideia sobre cortes, alerta Banco do Brasil

18 out 2023, 16:10 - atualizado em 18 out 2023, 16:10
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Atual contexto dos EUA pode fazer Copom, do Banco Central, interromper cortes da Selic nos 10%. (Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O Banco Central pode encerrar o ciclo de flexibilização monetária mais cedo do que esperado, alerta o economista-chefe do Banco do Brasil, Marcelo Rebelo. Segundo ele, se o Fed Funds fechar 2024 acima de 5%, o Comitê de Política Monetária (Copom) terá que interromper os cortes da Selic nos 10%.

Na atual projeção do Banco do Brasil e do Relatório Focus, o Banco Central deve manter o ritmo de 0,50 ponto percentual pelo ano de 2024, levando a taxa de juros a 8,5% ao final do próximo ano. “Nível que consideramos de equilíbrio para a economia brasileira, diz Rebelo.

No entanto, o atual contexto dos Estados Unidos e os efeitos gerados nos ativos brasileiros elevaram o nível de incerteza em torno desse nível terminal.

“Em que pese parte da incerteza estar associada a elementos domésticos, em que se destacam os riscos em relação ao cumprimento das metas fiscais para o próximo ano, avaliamos que a maior parte das incertezas derivou do cenário global, mais especificamente acerca do nível das taxas de juros nos Estados Unidos no futuro”, avalia o economista.

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O peso do Fed na Selic

Na última reunião, de setembro, o Comitê de Política Monetária do Federal Reserve (Fomc) decidiu manter a taxa básica de juros em 5,50%.

No entanto, eles alteraram as projeções da trajetória de juros esperada para o ano que vem. Na visão dos membros do Comitê, o Fed Funds deve ficar em 5,25% ao final de 2024, acima dos 4,75% previstos anteriormente.

“Por conta disso, o mercado começou a projetar taxas de juros americanas mais altas por mais tempo, o que levou a repercussões significativas nos preços dos ativos ao redor do mundo”, destaca o economista do Banco do Brasil.

Rebelo explica que os juros dos EUA em 5,25% levariam a um maior nível de risco no cenário global. Isso diminuiria o diferencial de juros com os EUA e reduziria a atratividade da renda fixa brasileira.

“A combinação desses acontecimentos levaria a uma desvalorização em torno de 7% da taxa de câmbio, com a projeção para R$/US$ 5,45 ao final de 2024. Com o câmbio mais elevado, observaríamos uma pressão adicional nos preços dos produtos, levando a taxa de inflação medida pelo IPCA a caminhar para mais próximo do teto da meta, a saber, 4,5%”, ressalta.

A fim de neutralizar o efeito provocado pela posição restritiva da política monetária americana, o Copom teria que interromper os cortes da Selic mais cedo. Em segundo caso, o Comitê teria que conviver com níveis inflacionários elevados.