Selic de 11,75% ao ano para 2022 pode ficar rapidamente no retrovisor, diz especialista
A expectativa do Banco Central de terminar 2022 com uma Selic na casa dos 11,75% pode ficar para trás rapidamente, afirma Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, escritório credenciado da XP Investimentos.
De acordo com a mensagem do próprio BC, “diante do aumento de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário avance significativamente em território contracionista”.
A previsão é de uma elevação da Selic para 12% no primeiro semestre de 2022, terminando o ano em 11,75% e caindo para 8% em 2023.
“Preocupam as variáveis colocadas no radar, e que indicam que dificilmente veremos os juros mais baixos no curto prazo, e que variáveis exógenas podem levar a uma política econômica ainda mais dura, como a fragilidade do arcabouço fiscal, que pode demandar o aumento do prêmio de risco do país, a manutenção do ciclo de alta das commodities, assim como a bandeira tarifária vermelha 1”, coloca Alves.
Apesar disso, João Beck, economista e sócio da BRA, ressalta que indicadores recentes indicam alívio da inflação à frente, como o nível dos reservatórios, dados de arrecadação positivos, desaceleração da atividade e recentemente uma valorização do real.
“Com o alívio das contas públicas, melhora nos reservatórios, desaceleração da atividade e valorização do Real é esperado pelo menos uma velocidade menor de alta”, diz.
Na visão de Alexandre Espirito Santo, economista-chefe da Órama, parte da inflação atual está sendo impulsionada por choques de oferta e inércia, e não por aquecimento de demanda.
“Dessa forma, movimentos muito acentuados de alta na Selic, acima de 11,5% a.a., podem acabar sendo contraproducentes, pois tendem a afetar pesadamente o lado produtivo, sem, no entanto, alcançarmos o resultado desejado de fazer o IPCA convergir para o centro da meta em 2022”, argumenta.
Onde investir?
Na avaliação de Idean Alves, papéis de renda fixa pré-fixados, com vencimentos de médio prazo, podem se mostrar bastante atrativos, assim como os pós-fixados de curto prazo, “que pegam na veia essa e as próximas altas da Selic, caso se confirmem”.
“Como a inflação continua elevada, ainda vemos títulos pagando o IPCA+6%, que sem dúvida alguma deve compor a carteira dos investidores mais conservadores e moderados”, destaca.