Taxa Selic

Selic cairá em junho? Mercado refaz as contas após falência do SVB nos EUA

15 mar 2023, 13:25 - atualizado em 15 mar 2023, 13:25
Selic
Mercado já aposta na queda da taxa Selic nos próximos meses, o que beneficia títulos de renda fixa com vencimentos mais curtos (Crédito: Shutterstock)

A taxa Selic pode começar a cair já em junho, conforme estimativa da maioria do mercado. A previsão é de que na próxima semana, o Copom (Comitê de Política Monetária) prepare o terreno para o início da queda dos juros básicos.

Porém, o consenso para a reunião entre os dias 21 e 22 de março ainda é de manutenção da Selic a 13,75% ao ano. Segundo Eduardo Nishio, head de research da Genial Investimentos, o mercado continua decidido quanto à estabilidade da taxa básica de juros na semana que vem.

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No entanto, ele observa que parte dos economistas preveem cerca de 30% de chance para que a Selic caía já em maio. Isso porque “os juros no Brasil acompanham o movimento dos juros nos EUA, com ajustes das expectativas após o caso de falência no SVB“, explica Nishio.

Os rendimentos (yields) do Treasuries com vencimento de dois anos acumulam a pior queda nos últimos três dias desde outubro de 1987, caindo de 4,60% para os atuais 3,80%.

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Renda fixa com Selic em queda

A tendência de queda da taxa Selic nos próximos meses provoca o fechamento da curva de juros futuros nos prazos de vencimentos mais curtos.

Em outras palavras, isso quer dizer que títulos de renda fixa com prazos de vencimentos de até três anos são os que mais apresentam queda das taxas na marcação a mercado. Na outra ponta, o valor desses títulos sobe.

No Tesouro Direto, esse movimento é nítido no caso do Tesouro Prefixado 2026, cujo preço unitário subiu de R$ 698,55 no dia 9 de janeiro para os atuais R$ 721,24.

Os investidores também aguardam detalhes sobre o novo arcabouço fiscal tocado pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda). A nova regra que irá substituir o teto de gastos tem o potencial de mexer também a curva futura de juros em prazos de vencimentos mais longos.

Na visão de Rafael Passos, analistas da Ajax Asset, a regra fiscal que será divulgada deve ter um modelo para evitar gastos públicos acima da arrecadação de impostos. Segundo ele, não está prevista uma meta de dívida, mas a indicação de uma trajetória de sustentabilidade e, no médio prazo, de queda.

“O Tesouro Nacional pretende que, com essa regra, o país volte a ter grau de investimento pelas agências de classificação de risco em 2026. A intenção é uma meta anticíclica”, explica Passos.

Durante períodos de aceleração econômica, os gastos não crescem na proporção das receitas. Em fases de baixa, porém, não haveria corte de investimentos públicos. A norma também vai considerar o PIB per capita para definir a trajetória das despesas.