Economia

Selic: BC deixa tom agressivo de lado e sinaliza redução de aperto; “Sem pânico para mercado”

04 maio 2022, 20:44 - atualizado em 09 jun 2022, 1:44
Alta da Selic ficou dentro das expectativas e não deverá causar grande reação dos mercados na próxima quarta (Imagem: Beto Nociti/Banco Central)

Sem surpresas, o Banco Central elevou nesta quarta-feira (4) a Taxa Básica de Juros (Selic) em um ponto percentual, para 12,75%.

Para economistas e analistas ouvidos pelo Money Times, essa alta ficou dentro do esperado e não deverá causar pânico nos mercados.

Na sessão desta quarta-feira, o Ibovespa (IBOV) disparou após sinalização do Fed de que não irá aplicar altas de 0,75 ponto na taxa de juros.

Segundo Eduarda Korzenowski, economista-chefe da Somma Investimentos, houve uma mudança de postura do BC. “Acreditamos que vai vir uma alta de mais 0,5 ponto percentual ou 0,75 ponto nas próximas reuniões”, completa.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, alerta para o fato de ser “muito difícil que o Banco Central corte juros até o final do ano”, como já prevem parte do mercado.

Na visão de Letícia Cosenza, especialista em renda fixa da Blue3, a alta ficou dentro das expectativas.

“Deixaram a porta aberta para novas altas, mas com menor força. Eles estão com tom cauteloso. Mas ao mesmo tempo, não estão com o tom tão agressivo. O mercado deverá receber bem o comunicado”, argumenta.

Já Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, diz que uma mudança significativa no texto de hoje é o reconhecimento do Copom de que o balanço de riscos para a inflação deixou de ter uma assimetria altista, reconhecendo que a possibilidade de uma desaceleração econômica mais aguda pode contribuir para um processo de desinflação mais rápido.

Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, coloca que na mensagem sobre a próxima reunião, o BC apesar de confirmar o que já vinha sendo falado de uma alta menor na próxima reunião (50 bps), deixou a palavra “provável” o que dá um benefício de dúvida de não fazer essa próxima alta. “Por isso, considero levemente dovish (suave)”, completa.

Para que lado vai?

Apesar disso, Alexandre Espirito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos, lembra que o ambiente inflacionário é bastante desafiador, agravado pelos choques de preços de commodities, provenientes do conflito entre Rússia e Ucrânia, e pelo forte componente inercial, que dificulta o processo de desinflação.

“No comunicado pós-reunião, diferentemente do usual, a autoridade monetária não explicitou exatamente seu próximo movimento. Salientou, apenas, que considera provável uma nova alta, de menor magnitude, mantendo a política monetária em território contracionista. Assim sendo, consideramos que o Copom poderá promover uma derradeira elevação de 50 pontos em junho”, argumenta.

Rafaela Vitória, Economista-chefe do Inter, ressalta que a preocupação principal ainda é com as surpresas inflacionárias recentes e como isso tem afetado as expectativas, que ainda não estão ancoraras, pelo menos não para 2023.

“O comunicado ainda cita o risco fiscal, apesar dos recentes superávits, mas vale o alerta para as discussões políticas atuais que poderiam alterar essa trajetória no próximo ano, como renúncias fiscais e novos gastos”.

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