Selic abaixo de 13,75% em agosto? Mercado e governo estão desalinhados sobre cortes na taxa de juros
Que a Selic em 13,75% ao ano é um patamar alto, isso todo mundo concorda. O problema está nas expectativas de quando o Banco Central deve começar a cortar a taxa básica de juros.
Ontem, em um debate organizado pelo jornal O Globo, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que a autoridade monetária já tem condições suficientes para sair do ciclo de manutenção da Selic e começar a reduzir os juros.
“Não há justificativa no semestre, em agosto, a não ser que fato relevante novo surja, de não pelo menos sinalizar uma queda de taxa de juros a médio prazo, por exemplo, já diminuindo em 0,25 [ponto percentual] na reunião do Copom de agosto deste ano”, afirmou Tebet.
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A ministra ainda destacou que, se não é possível reduzir os juros agora, que o Comitê de Política Monetária (Copom), pelo menos sinalize em sua ata que está considerando a possibilidade. Em seu último comunicado, o Banco Central apontou que, apesar de ser um cenário menos provável, “não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.
Cortes na Selic só em setembro
Por mais que o governo esteja pressionando o Banco Central, a verdade é que o mercado financeiro acha difícil cortes antes de setembro. Os dados do Relatório Focus mostra que o mercado projeta que o ano de 2023 deve terminar com Selic em 12,50% há sete semanas seguidas.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, destaca a fala de Tebet dizendo que o Banco Central, por estar ligado à administração pública, não dá para falar que seus comunicados e decisões não têm impacto político.
“As reafirmações de Simone Tebet denotam uma visão particular sobre a autoridade monetária, com uma institucionalidade muito próxima do que se observava pré-Plano Real. Evidentemente, as ações do Banco Central causam efeitos políticos, mas é completamente diferente de dizer que as ações são causadas por aspectos políticos”, afirma o economista.
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Ele ainda aponta ser interessante o fato de que Tebet cita que PIB, inflação e juro são quase como variáveis econômicas independentes, nas quais o juro é a única variável que ainda não trouxe “notícias positivas”.
“Nosso cenário não contempla a materialização de cortes de juros tão em breve por conta da inflação no horizonte relevante não ter convergido para a meta e as expectativas posteriores estarem desancoradas, além da elevação do juro neutro consumir graus de restrição ‘por baixo’”, destaca Étore.