A crítica deste gestor à fala do presidente do Banco Central sobre Selic a 26% ao ano
O sócio-fundador da Versa Asset, Luiz Fernando Alves, criticou a fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
O chefe da autarquia voltou a dizer nesta terça-feira (25) que os juros estariam em 18,75% se não a autoridade monetária não tivesse elevado a Selic antes e de forma rápida. “Se o Brasil quiser convergir a inflação para a meta, os juros teriam que ser de 26%”.
Para o gestor da Versa, no entanto, “o 26% de Selic que o RCN repete é equivalente a dizer que para acabar com os cupins de uma casa basta jogar uma bomba nuclear em cima dela”.
Na semana passada, Alves defendeu que o arcabouço fiscal é importante porque coloca “um governo de esquerda” no grupo dos que se importam com o déficit público. “Por ser de esquerda, [o governo Lula] precisará continuamente comprovar suas intenções”, afirmou.
Críticas ao Banco Central
O gestor da Versa já disse que, se o Banco Central vai combater o fiscal “sem dó nem trégua com os juros”, a desancoragem das expectativas de inflação só pode ter razões endógenas, um problema da própria política monetária ou, pontuou, nesse momento a expectativa de inflação tem conteúdo informacional baixo, menor que dos momentos “regulares”, e não deveria guiar a política monetária, segundo ele.
“Alternativa é admitir que juros não controlam a inflação”, afirmou o gestor cerca de um mês atrás, que avaliou que o “grande problema do Brasil” é um establishment econômico, refletido no BC, que não admite outros caminhos além do Estado mínimo, arcabouço teórico controverso e, principalmente, que não respeita, de acordo com Alves, a construção histórica “nem a vontade atual expressa no voto”.
“Se os economistas admitirem que os juros de longo prazo não são determinados pelo mercado, mas pelo BC, a culpa dos juros altos lá na frente deixa de ser do arcabouço fiscal e passa a ser compartilhada pelo BC, como de fato é. Parafraseando o Marcos Lisboa, é tudo dívida pública”, afirmou.