Selic a 15%? Real estável e PIB menor podem levar Copom a encurtar ciclo de altas, diz XP

A XP Investimentos vê um cenário em que o Comitê de Política Monetária (Copom) eleva a Selic pela última vez já na reunião de maio, se o real ficar relativamente estável e a desaceleração econômica se intensificar. Assim, os juros seriam de 15% ao ano no pico do ciclo.
No entanto, esse não é o cenário base da casa. A XP projeta que o Comitê de Política Monetária (Copom) encerre o ciclo de aperto monetário no patamar de 15,50% em junho, após altas de 1 ponto percentual (p.p.), 0,75 p.p. e 0,50 p.p. nas três próximas reuniões.
Segundo o economista-chefe Caio Megale e sua equipe, o câmbio terá dificuldade de apresentar uma apreciação adicional relevante e a desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) deve ser mais suave.
A atual expectativa da XP para o câmbio é de R$ 6 por dólar ao final de 2025 — antes a projeção era de R$ 6,20.
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Eles dizem que a percepção de risco deve dificultar apreciação adicional relevante do câmbio. “Os cenários global e local incertos devem manter prêmios de risco sobre os fundamentos econômicos”, dizem.
Já em relação ao PIB, a equipe pondera que a desaceleração deve continuar, mas vê sinais de suavização. A XP manteve a projeção de crescimento de 2% para a atividade econômica este ano.
“O efeito de carrego estatístico deixado pelo PIB de 2024 corresponde a 0,8%. Além disso, setores menos sensíveis à política econômica devem ter desempenho robusto este ano. A agropecuária deve adicionar quase 0,5 p.p. à variação do PIB total, puxada pela safra recorde de grãos. Esses fatores, combinados à solidez do mercado de trabalho, sustentam nosso cenário de desaceleração econômica suave.”
O que mais deve manter a Selic restritiva?
A XP também alterou sua expectativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025, devido à previsão de câmbio menos pressionado. No entanto, isso não foi suficiente para diminuir a previsão de Selic terminal.
A equipe pontua que, embora menor do que antes, a projeção para a inflação ainda é o dobro da meta — 6% ante 3%, respectivamente.
“A inflação não é elevada apenas devido a choques de curto prazo, mas sim como resultado de desequilíbrios entre oferta e demanda agregadas, que exigirão um esforço monetário significativo para correção”.
Além disso, eles destacam que as políticas fiscal e parafiscal continuam expansionistas, o que pode ser intensificado com medidas debatidas pelo governo. “Por exemplo, a liberação de recursos do FGTS, o crédito consignado para trabalhadores do setor privado e a isenção de imposto de renda para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil por mês, entre outras”.
Cortes ficarão para 2026
Como a política monetária estará “bastante restritiva” com a Selic em 15,50%, a XP vê espaço para alguma flexibilização no próximo ano.
A projeção da casa para os juros ao final de 2026 continua em 12,50%.
“Este cenário depende crucialmente da dinâmica das tensões globais e da política econômica doméstica como um todo em 2026, um ano eleitoral”, afirmam os economistas.