Economia

Selic a 14,75%? Para o Inter, Copom deve encerrar o ciclo de altas nos juros em maio

14 fev 2025, 14:58 - atualizado em 14 fev 2025, 14:58
Selic juros
O Banco Intel reduziu a projeção para Selic no fim do ciclo de altas e aumentou a estimativa para inflação (Imagem: iStock/ Rmcarvalho)

Com a piora das expectativas para inflação e alívio no câmbio, o Banco Inter revisou as projeções para os principais indicadores econômicos brasileiros, incluindo a Selic

O banco reduziu a previsão para a taxa básica de juros de 15% para 14,75% no final do ciclo de aperto monetário do Banco Central

Hoje, a Selic está em 13,25%, com mais uma alta de 1 ponto percentual, para 14,25%, contratada para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em março. 

Na análise do banco, além da subida dos juros na próxima reunião, o BC deve elevar a Selic em 0,5 ponto percentual, para 14,75%, em maio — sendo o último ajuste do ciclo. 

“Os sinais de desaceleração da atividade e a acomodação do câmbio em R$ 5,80 são os principais fatores para uma pausa no ciclo a partir de junho”, diz o relatório assinado pela economista-chefe Rafaela Vitória. 

Vitória ainda considera um cenário “alternativo”, em que o Copom faça uma pausa no ciclo de altas já em maio, com a manutenção da Selic em 14,25%. 

Nesse cenário, “a execução do orçamento público considera os cortes de gastos anunciados e resultaria em um menor impulso fiscal, elevando a potência da política monetária”, afirma a economista-chefe. 

Para isso, ela destaca o papel do choque de juros de 3,75% na Selic e um juro real estimado de quase 10% para os próximos 12 meses, com impacto mais significativo na oferta de crédito.

“A taxa deve ser mantida no elevado patamar até uma redução mais clara da inflação, acompanhada de reduções também nas expectativas para 2026.”

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PIB, inflação e câmbio

Com a revisão da Selic, o Banco Inter passou a prever uma desaceleração maior do Produto Interno Bruto (PIB). 

Agora, a expectativa é de que a economia brasileira cresça 1,5% em 2025, ante a projeção anterior de 1,7%. Para 2026, a previsão foi mantida em 2,2%. 

Para Vitória, o risco de crescimento maior em 2025 depende de novas medidas de estímulo pelo governo. 

Em relação à inflação, a economista-chefe prevê um IPCA de 5,2% neste ano. A projeção anterior era de 4,9%. 

Para o ano que vem, a estimativa para a inflação subiu de 3,9% para 4,2%. 

“A deterioração da inflação de serviços e a alta do câmbio devem manter o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acima de 5% ao longo de 2025 com uma inércia maior para 2026, apesar do cenário mais restritivo da política monetária”, afirma. 

Já o câmbio deve encerrar o ano em R$ 5,90, contra R$ 6,00 projetado anteriormente. 

Segundo a economista-chefe do Inter, o risco de expansão fiscal deve continuar no radar impedindo uma valorização mais significativa do dólar ante o real, mesmo com o maior diferencial de juros e a recente alta das commodities. 

E os juros nos Estados Unidos?

O Federal Reserve (Fed) interrompeu o ciclo de cortes nos juros iniciado em setembro do ano passado na primeira reunião de 2025. Em suas previsões recentes, o Banco Central norte-americano estima mais dois cortes nos juros, de 0,25 ponto percentual cada, até o fim do ano. 

Mas, nos últimos dias, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que não há pressa para cortar os juros nos Estados Unidos, hoje na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano. Em reação, o mercado começou a apostar em apenas um corte e com setembro sendo o mês mais provável. 

E o Banco Inter tem a mesma visão. “Apesar do ano ainda estar no início, a perspectiva para esses cortes se torna cada vez mais limitada”, diz o banco. 

Na conta do banco, o espaço para a retomada dos cortes no 1º semestre é “praticamente inexistente”, já que a inflação está 3% no acumulado dos últimos 12 meses e considerando as políticas tarifárias do presidente Donald Trump  — que tem o potencial de causar um aumento na volatilidade da inflação no curto prazo. 

No relatório, a economista-chefe ainda afirma que não vê espaço para o Fed retomar os cortes até a reunião de setembro. 

“A retomada dos cortes antes disso dependerá de uma piora substancial do mercado de trabalho, que não parece estar no horizonte de curto prazo”, escreve Rafaela Vitória. 

Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.