Economia

Selic a 13,75%: Quando o Banco Central vai cortar os juros? Reajuste de agosto ainda não foi descartado

22 jun 2023, 14:02 - atualizado em 22 jun 2023, 17:29
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Banco Central manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano e não sinalizou de forma clara um corte na reunião marcada para agosto. (Imagem: Agência Brasil)

A Selic vai continuar em 13,75% por mais uns meses. Ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) confirmou a manutenção da taxa básica de juros, apesar da pressão vindo de Brasília e das projeções iniciais do mercado de um corte de 0,25 ponto percentual em agosto.

O Banco Central avalia que é apropriado deixar a taxa inalterada para garantir a convergência da inflação para a meta de 3,25%, com o teto em 4,75%. Até aí, nada de novo.

No entanto, o que vem dividindo os economistas é o comunicado do Banco Central. A expectativa era de uma sinalização de um futuro afrouxamento na política monetária, mas o texto veio com um tom mais duro do que esperado, mas com sinais sutis de melhora.

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David Beker, chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do Bank of America, aponta que, de uma maneira geral, o comunicado é mais um passo na comunicação do Banco Central rumo a uma postura mais dovish – ou seja, disposto a baixar os juros.

“O conselho não depende apenas dos dados, mas também aguarda a decisão do CMN na próxima semana e novas melhorias nas expectativas de inflação antes de cortar as taxas. Continuamos esperando que o ciclo de flexibilização comece em agosto, com um corte inicial de 0,50 pp. A taxa Selic deve fechar o ano em 11,75%, com a taxa terminal desse ciclo em 9,50% alcançada em 2024”, afirma.

Já Mauricio Oreng, superintendente de pesquisa macroeconômica do Santander, aponta que, embora o comunicado do Copom tenha reforçado a ideia de que um ciclo de flexibilização se aproxima, o a autoridade monetária não assumiu um compromisso com um corte de juros em agosto.

“Com o BC reconhecendo uma fase mais desafiadora do processo de desinflação e uma convergência mais lenta para a meta, com riscos de desancoras das expectativas no processo, prevemos um ciclo de flexibilização bastante gradual à frente. Projetamos a taxa Selic em 12,50% para o ano de 2023 e 11,00% para o ano de 2024”, destaca.

Para ele, a ata do Copom, que será publicada na próxima terça-feira (27), pode lançar mais luz sobre o plano de fuga do Banco Central.

Selic mais baixa em agosto (ou não)

Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Rena, avalia que o comunicado buscou conter um excesso de otimismo do mercado com relação à trajetória de queda da Selic.

Apesar disso, ele segue otimista, projetando que o início do processo de flexibilização monetária se dará com um corte de 0,25 pp em agosto, acelerando para 0,50 pp nas reuniões subsequentes. Com isso, a Selic fecharia 2023 em 12%.

“Avaliamos que a projeção de inflação no cenário de referência continuará declinando, em função de provável revisão adicional baixista do IPCA para 2023 e da perspectiva de continuidade do movimento de declínio das expectativas de inflação. A decisão do CMN sobre a meta de inflação será fundamental para a redução das incertezas e do desvio das expectativas em relação à meta”, diz.

Também está no time de cortes na próxima reunião Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos. Ela aponta que foi retirado do comunicado o trecho em que dizia que um ajuste adicional poderia ser necessário, ou seja, que o Banco Central poderia voltar a subir juros.

“Isso para mim já é uma sinalização, eu não achava que eles iam sinalizar abertamente que vão cortar juros, até porque eles estão dependendo dos dados, eles próprios falaram isso no comunicado. Mas foi tirado esse trecho que estava muito tempo já acompanhando os comunicados do Banco Central, para mim, já é uma sinalização bem relevante”, afirma.

Por outro lado, os analistas do UBS BB, destacam que o comitê reforçou a mensagem de que precisa que as expectativas para a inflação de 2024 e 2025 caiam para, ai, sim, cortar as taxas.

“Para um corte na reunião de 2 de agosto, precisaríamos ver um 0,50 pp de redução, o que parece improvável dado o prazo. Desta vez a comunicação foi o fator mais importante, já que alguns participantes esperavam uma sugestão de corte na próxima reunião. Nosso cenário tem o primeiro corte acontecendo apenas duas reuniões a partir de agora.”

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