Economia

Selic a 13,75%: Mercado já vê 2023 sem cortes na taxa de juros

31 jan 2023, 14:35 - atualizado em 31 jan 2023, 14:35
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Copom deve manter Selic em 13,75% em sua primeira reunião do ano. (Imagem: Shutterstock)

Desde agosto do ano passado, o Banco Central mantém a Selic em 13,75% ao ano. É o maior patamar da taxa básica de juros desde dezembro de 2016.

Lá atrás, o mercado estava confiante de que a inflação daria uma trégua e daria espaço para a autoridade monetária começar a cortar os juros em março. Mas a expectativa do mercado foi piorando: passou para final do primeiro semestre.

Agora, o mercado se divide. Os mais otimistas apostam em agosto. Já os mais pessimistas não enxergam reajustes em 2023.

“A Selic deve continuar elevada pela maior parte do ano, mesmo com o menor patamar de inflação e um juro real ex-ante próximo de 8%”, afirma o Inter, em relatório.

Segundo o banco, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve seguir cauteloso nos próximos passos e adiar o afrouxamento monetário enquanto os riscos fiscais pressionam as expectativas de inflação.

“Esperamos que a Selic permaneça no elevado patamar de 13,75% até pelo menos agosto.”

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Risco fiscal é risco para Selic

Não é apenas a inflação que tira o sono dos dirigentes do Banco Central. Eles também estão de olho nos gastos do governo e o desenvolvimento de um novo arcabouço fiscal, que deve ser apresentado apenas em abril.

A XP Investimentos aponta que os dados desde o último Copom mostram sinais mistos para a dinâmica inflacionária. No curto prazo, as surpresas são baixistas na maioria dos indicadores. Por outro lado, incertezas fiscais intensificam os riscos altistas no médio prazo.

“As expectativas de inflação de médio prazo seguem em alta, refletindo o risco de políticas fiscais e parafiscais mais expansionistas à frente; e levando a uma discussão informal de que o governo pode alterar a meta de inflação”, diz.

Com isso, desde a última reunião do Banco Central em dezembro, a mediana da projeção para a taxa Selic no Relatório Focus subiu de 11,75% para 12,50% em 2023, e de 8,50% para 9,50% em 2024.

“Projetamos cortes de juros no segundo semestre, trazendo a Selic a 12% ao fim do ano. Mas a questão fiscal faz com que o risco para a trajetória futura da Selic siga enviesado para cima”, afirma o Santander.

Primeira reunião do Copom

Nesta terça-feira (31), o Copom iniciou a sua primeira reunião do ano e, embora a projeção seja de manter a Selic atual, deve elevar o tom do seu comunicado para refletir a deterioração do balanço de riscos.

Segundo o BTG Pactual, o ambiente externo tem se mostrado menos adverso para os mercados. Porém, o cenário doméstico está andando na direção oposta.

“A aprovação da PEC da Transição elevou em torno de R$170 bilhões as despesas primárias para 2023 e reverterá o superávit observado em 2022 para um déficit do setor público em torno de -1% do PIB”, diz em relatório.

O banco está no grupo que aposta em uma Selic em 12,75% em 2023, mas não descarta um cenário mais pessimista.

“A desancoragem das expectativas de inflação para 2024, mais próximas do teto em relação ao centro da meta, nos faz mais cautelosos sobre a possibilidade de cortes de juros ainda neste ano”, destaca.