Selic a 13,75% está com os dias contados? Inflação de março abre margem para cortes ainda no primeiro semestre
O mercado foi pego de surpresa nesta terça-feira (11) com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) vindo melhor do que o esperado. Em março, a inflação subiu 0,71%; o indicador acumulada alta em 12 meses de 4,65%.
Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, destaca que este é um “belo número”, uma vez que o mercado projetava uma alta em torno de 0,77%.
“A principal surpresa foi a parte de alimentação, com os preços muito próximo de zero e alguns produtos até registrando deflação”, afirma.
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Ainda assim, ele aponta que, na abertura qualitativa para preços de serviços e núcleos, o mês até que foi bom, mas a ainda é projetado uma inflação oscilando entre 5% e 6% anualizado. “A inflação deu uma pernada para baixo de maneira significativa no ano passado, e desde então oscila em torno desses números”.
Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original, também destaca que os dados de inflação de março surpreenderam positivamente, mas que o cenário ainda é instável.
“Olhando à frente, analisamos que o comportamento observado da inflação conversa com o que esperamos. Entendemos que a dinâmica do IPCA no ano terá dois atos: arrefecendo até o 1º semestre, mas voltando a subir no segundo 2º semestre. Projetamos uma alta de 6,1% em 2023”.
Apesar do estado de alerta, com esse resultado, a inflação do país está dentro do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2023, de 4,75%. Isso abre espaço para o Banco Central rever a sua política monetária nas próximas reuniões do Copom.
Desde agosto do ano passado, a Selic está sendo mantida em 13,75%. A justificativa é de que as projeções inflacionárias para longo prazo estão desancoradas e o IPCA estava fora da meta.
André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, afirma que o mercado pode esperar por um comunicado mais leve na próxima reunião do Banco Central, marcada para maio, o que pode aliviar as tensões com o governo.
“O Copom pode soltar um comunicado mais leve na próxima reunião, mas deve continuar adotando ainda uma postura mais conservadora em relação aos juros. Caso o IPCA até lá surpreenda positivamente, poderemos ver um corte de juros já na reunião do mês de junho”, aponta.