Selic a 13,25%? XP eleva projeção para juros ao fim do ciclo de aperto, com cenário mais desafiador para inflação
A XP revisou a projeção para a Selic ao final do ciclo de aperto monetário de 12% para 13,25%, após o Comitê de Política Monetária (Copom) indicar um cenário mais desafiador para a inflação ao elevar a taxa a 11,25% na reunião de ontem (6).
O economista-chefe, Caio Megale, e o time de macroeconomia da casa esperam quatro aumentos adicionais de 0,50 p.p. nas próximas decisões do Copom. “O Comitê pode optar por um ritmo mais acelerado para atingir o nível terminal mais cedo”, dizem.
Segundo os economistas, o comunicado do encontro de novembro — que acelerou o ritmo de altas para 0,50 ponto percentual (p.p.) — manteve o conteúdo semelhante ao anterior. Os diretores ressaltaram os riscos para as perspectivas de inflação e mantiveram o tom duro (hawkish) em relação à política monetária adiante.
A projeção do Comitê para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no horizonte relevante (2º trimestre de 2026) subiu de 3,5% para 3,6%, acima da meta de 3% e do teto de 4,5%, mesmo considerando elevação da taxa Selic em até 1,0 p.p. — de 11,50% para 12,50% — no pico do ciclo de ajustes.
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“Isso indica duas coisas: o agravamento de outros fatores inflacionários tem superado o efeito do aperto monetário projetado pelo mercado; e o ‘plano de voo’ — não divulgado — do Copom provavelmente contempla uma taxa terminal da Selic acima de 12,50%”, afirma o time da XP.
O Comitê ainda reiterou que o “ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação”.
Para os economistas, faz sentido manter abertas as possibilidades, considerando as incertezas à frente.
A XP acredita que o maior aperto da política monetária nos próximos meses pode abrir espaço para algum alívio no final de 2025. O time macro projeta dois cortes de 0,50 p.p. na Selic em novembro e dezembro.
Por que o Copom elevou a Selic a 11,25%?
Segundo o Copom, “o cenário segue marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, o que demanda uma política monetária mais contracionista”.
Além de apontarem a preocupação com a inflação, os diretores reforçaram o impacto da política fiscal na trajetória da monetária. “A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem afetado, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco e a taxa de câmbio”.
“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”.