Selic a 13,25% ou 13,50%? Veja de quanto deve ser o corte da taxa de juros
O mercado já está convencido de que o Comitê da Política Monetária (Copom), do Banco Central, cortará a taxa Selic esta semana. O que divide os especialistas, entretanto, é o tamanho dessa redução: uma parcela aposta no corte de 0,25 ponto percentual (p.p.), e, outra, mais esperançosa, espera 0,50 p.p.
Nesta terça-feira (1), acontece a primeira etapa da reunião para definir o futuro da taxa básica de juros — esta fase é reservada às apresentações técnicas de conjuntura. As decisões das diretrizes de política monetária serão discutidas e anunciadas no encontro de quarta (2).
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O eventual corte da Selic marca o início do ciclo de flexibilização, após um rigoroso aperto, que começou em março de 2021, e quase um ano de manutenção da taxa no patamar de 13,75% ao ano.
De acordo com os analistas, o recuo das expectativas da inflação — com consequente efeito baixista sobre as projeções do Banco — e a desaceleração contínua dos núcleos abrem espaço para a redução dos juros.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou em entrevista coletiva no final de junho que, na reunião passada, os membros do Copom estavam divididos quanto ao corte da taxa. Para a decisão de agosto, o cenário deve ser similar, disse.
Selic a 13,50%: BC deve manter cautela
Uma parcela do mercado espera uma redução inicial de 0,25 p.p. na taxa Selic. Apenas após esse início mais conservador no ciclo de queda de juros, os especialistas veem eventuais cortes na casa de 0,50 p.p., ainda este ano.
De acordo com o estrategista-chefe da Warren Rena, Sérgio Goldenstein, quatro pontos explicam um possível conservadorismo do Banco Central:
- Projeções de inflação do BC no cenário de referência não devem ficar abaixo da meta de 3%;
- Processo de reancoragem das expectativas foi apenas parcial;
- Inflação de serviços ainda se mostra resiliente e dados robustos de mercado de trabalho podem limitar um processo de desinflação mais rápido; e
- Ajuste inicial de 0,25 p.p. seria mais coerente com a sinalização anterior do Comitê de cautela e parcimônia na condução da política monetária, além de conter “excesso de otimismo” do mercado.
Os analistas da equipe de macroeconomia da Daycoval Asset, também acreditam que o BC deve agir de forma parcimoniosa.
“O Brasil avançou na aprovação da Reforma Tributária e no arcabouço fiscal, o que reduz a percepção de risco. A inflação corrente tem vindo comportada, ainda que centrada em itens voláteis, mas também é possível verificar algum arrefecimento da inflação mais persistente, o que deve se intensificar a frente”, explica o economista-chefe da Daycoval, Rafael Cardoso.
Selic a 13,25%: Há espaço para cortar 0,50 p.p.
A deflação de -0,07% do IPCA-15, divulgada na semana passada, justifica o corte de 0,50% da Selic, avaliam os especialistas Ana Paula Carvalho, da AVG Capital, e Andre Fernandes, da A7 Capital.
“A inflação tem mostrado uma melhora qualitativa, com a redução dos preços de energia e alimentos”, diz Carvalho, da AVG.
Fernandes, da A7, ainda destaca que, apesar da alta do petróleo, a Petrobras (PETR3;PETR4) não deve reajustar preços tão cedo. “A Petrobras deve segurar uma defasagem de até 30% a 35% em comparação aos preços internacionais. Isso contribui para aliviar a pressão no IPCA e dar um conforto maior para o Banco Central”, diz.
Os especialistas também destacam que o boletim Focus aponta para uma melhora nas projeções para a inflação, com expectativa de redução tanto para este ano como para o próximo.
Além disso, o IGP-M abaixo do esperado, o discurso dovish do Federal Reserve, e o dólar na faixa de R$ 4,70 corroboram para o corte da Selic, ressaltam.