Selic a 13,25%: Como o Ibovespa, os juros futuros e o dólar devem reagir ao Copom
Na primeira reunião de Gabriel Galípolo como presidente do Banco Central, o Comitê de Política Monetária (Copom) não trouxe surpresas e elevou a taxa básica de juros, a Selic, em 1 ponto percentual, para 13,75% ao ano. A decisão foi unânime.
Também, como o sinalizado na reunião anterior, o colegiado já deixou contratada uma nova alta de 1 ponto percentual na próxima reunião — levando a Selic para 14,25% em março.
Após a decisão, o mercado consolidou as apostas de Selic entre 15% e 15,50% como novo pico do ciclo monetário atual.
E a expectativa é que alguns ativos domésticos reajam positivamente no dia seguinte ao Copom. Lá fora, o índice EWZ — que é um fundo que replica o desempenho do índice MSCI Brasil, com as principais ações da bolsa brasileira — subiu 0,81% logo após a divulgação do comunicado do Copom contra a queda de 0,44% no fechamento.
Como o Ibovespa deve reagir ao Copom?
O principal índice da bolsa brasileira encerrou o pregão desta quarta-feira (29) em queda, acompanhando o tom negativo das bolsas de Nova York — em reação à decisão do Federal Reserve de manter os juros inalterados.
E, na avaliação dos economistas, o Ibovespa (IBOV) deve iniciar o pregão pós-Copom em tom negativo.
Contudo, para a corretora MonteBravo, o índice ainda tem fôlego para subir até 138 mil pontos até o final do ano, mesmo com juros mais altos e crescimento menor.
Os juros futuros vão subir?
Para alguns analistas as taxas de contratos de Depósitos Interfinanceiros (DI) curtas tendem a cair no dia seguinte ao Copom, mas outros veem motivos para altas.
Na avaliação da MonteBravo, “a curva de juros não deve reagir bem, pois o sinal não foi tão duro quanto a deterioração do cenário exigia”, escrevem os economistas-chefes Alexandre Mathias e Luciano Costa e; o analista Bruno Benassi, em nota.
Para o estrategista-chefe da Warren Investimentos, Sergio Goldenstein, o mercado de juros deve abrir com recuo nos vértices mais curtos e intermediários, “dado que diversos players esperavam que o comunicado fosse mais ‘hawkish'”.
Já na visão do head de pesquisas sobre mercados emergentes no Deutsche Bank e responsável por análises macroeconômicas sobre a América Latina, Drausio Giacomelli, os juros futuros curtos devem subir no pregão desta quinta-feira (30), já precificando a possibilidade de novas altas na Selic a partir de maio.
Os DIs com vencimentos mais longos, por sua vez, dependem mais do posicionamento dos investidores estrangeiros, “que ainda têm limitado a pressão na parte longa, por não conhecer o mercado brasileiro direito e por estar reagindo a um começo de administração dos EUA mais amena do que imaginavam”, diz Giacomelli.
Na mesma linha,
As atenções agora ficam concentradas na ata do Copom, a ser divulgada na próxima semana. Para o diretor de investimentos da ASA Investments e ex-Banco Central, Fabio Kanzuk, o documento detalhado da decisão sobre os juros deve vir mais ‘duro’ (hawkish) se o mercado reagir “mal” — com a inclinação da curva de juros e piora das estimativas de inflação — amanhã (30).
E o dólar?
Para Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, a alta da Selic pode reduzir a pressão do dólar sobre o real — o que, em contrapartida, fortalece a moeda brasileira —, ainda que de maneira não imediata.
“Com os juros nos EUA mantidos, o Brasil ganha atratividade para investidores estrangeiros, o que pode valorizar o real e reduzir a pressão sobre o dólar”, afirma.
Já a MonteBravo destaca que a alta da Selic e o reforço do compromisso fiscal podem contribuir para estabilizar o dólar no patamar de R$ 5,90.
Nesta quarta-feira (29), o dólar à vista encerrou as negociações em leve queda, a R$ 5,8662.