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Selic a 12,75%: Por que vender Ibovespa agora pode ser um erro, segundo gestora

04 maio 2022, 21:16 - atualizado em 05 maio 2022, 6:35
Ibovespa
Para gestor, o Brasil e os países emergentes, de modo geral, se beneficiam do aumento da taxa de juros nos Estados Unidos (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

O Banco Central confirmou as expectativas e elevou a alta dos juros em 1 ponto percentual, a 12,75%.

A alta, em tese, deve forçar os investidores a deixarem a renda variável, como o Ibovespa, em busca de investimentos mais atrativos na renda fixa.

No entanto, o diretor de investimentos da WIT Asset, Felipe Reymond Simões, afirma que a alta dos juros nos Estados Unidos pode empurrar mais investidores estrangeiros para cá (e fazer com que a bolsa observe nova altas).

Reymond  lembra que o Banco Central já vem aumentando os juros no Brasil desde março do ano passado e que este ajuste do Fed pode contribuir positivamente para a bolsa de valores brasileira.

Para ele, o Brasil e os países emergentes, de modo geral, se beneficiam do aumento da taxa de juros nos Estados Unidos.

“A lógica é a seguinte: historicamente existe uma relação inversamente proporcional entre a bolsa de valores e as taxas de juros de um mesmo país. Dessa forma, a alta na taxa de juros americana pressiona a bolsa dos EUA. Muito provavelmente, em algum momento vamos ter um fluxo de saída mais forte da bolsa americana. Boa parte desse fluxo estrangeiro é de investidores grandes e institucionais, que precisam entregar uma taxa mínima de rentabilidade para os seus cotistas”, argumenta.

Segundo o diretor da WIT Asset, historicamente, todas as últimas vezes que os Estados Unidos elevaram a taxa de juros de forma relevante, houve uma alta bastante expressiva na bolsa brasileira dolarizada.

“Por consequência, o Brasil e outros emergentes poderão ser os principais beneficiados deste movimento. A compra de ações do setor de commodities por parte de estrangeiros após a invasão da Ucrânia impulsionou o Ibovespa recentemente”, afirma.

No primeiro trimestre, o  fluxo de investimento estrangeiro na B3 somou R$ 68,3 bilhões, o que ajudou a empurrar o Ibovespa para uma alta de 14,48% no período.

Cautela 

Apesar disso, Reymond  diz que o momento é de cautela, pois não se sabe ainda exatamente quais serão as implicações dessa alta de juros na inflação elevada para a bolsa americana, que vem de um longo ciclo de alta desde a crise de 2008.

A probabilidade é de que o ano de 2022 se encerre com os juros americanos no patamar de 2,5% a.a. e para 2023 espera-se uma continuidade desse movimento de alta e deve atingir um patamar acima de 3% a.a., algo em torno de 3,25% a.a, coloca.

“A bolsa dos EUA seguiu basicamente em linha reta para cima, não de maneira ininterrupta, porque tivemos a crise do novo coronavírus. Mas esta foi muito rapidamente recuperada. Esse movimento mais adverso pode trazer uma pressão para uma correção mais relevante na bolsa americana”, diz.

Ele diz que vê uma forte recuperação da bolsa brasileira, com um ciclo de alta após o mercado ter sido penalizado nos últimos meses

O gatilho que precisa?

Reymond considera que os investidores com foco no médio prazo (5 anos) também deveriam ter uma parcela aplicada na bolsa, além da renda fixa.

“E as oportunidades estão justamente na bolsa brasileira e em algumas outras bolsas de outros países emergentes, mas principalmente o Brasil deve ser um dos principais destinos, com valores de ações atraentes. Atualmente, negociamos em um nível de preços muito baixo, comparado com o nível histórico, então existem muitas oportunidades na bolsa brasileira”, argumenta.

Ele diz que vê uma forte recuperação da bolsa brasileira, com um ciclo de alta após o mercado ter sido penalizado nos últimos meses, e aposta em ações voltadas ao setor interno da economia.

“Algumas companhias até chegaram a negociar abaixo do valor de caixa que elas têm atualmente na empresa. Nessa correção que temos na bolsa brasileira, abriram-se muitas oportunidades em empresas que negociam próximo ao seu valor patrimonial. Como o cenário que está sendo precificado para as empresas brasileiras é muito pessimista, qualquer surpresa positiva, ou mesmo apenas levemente negativa, em seus balanços financeiros pode ser motivo para a valorização dessas ações”, conclui.

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