Selic a 12,25%? Riscos seguem inclinados para cima e exigem alta de 1 p.p., diz XP
A XP Investimentos acredita que a atual conjuntura parece suficientemente aguda para que o Comitê de Política Monetária (Copom) opte por um movimento mais intenso na última reunião de 2024. A autarquia divulga sua decisão para a política monetária nesta quarta-feira (11).
O economista-chefe Caio Megale e a equipe da casa afirmam que uma elevação de 1 ponto percentual (p.p.) na Selic contribuiria para estabilizar os preços dos ativos financeiros – especialmente o câmbio – e reforçar o compromisso dos diretores com a inflação baixa. Com isso, a taxa iria para 12,25% ao ano.
As apostas do mercado de alta de 1 p.p. da Selic, inclusive, ultrapassaram as de 0,75 p.p nesta segunda-feira (9). As opções de Copom que precificam uma alta maior na taxa valiam R$ 50, enquanto as de 0,75 p.p. eram cotadas a R$ 43,90.
- VEJA MAIS: 3 características que o investidor precisa ter para comprar bolsa brasileira agora, segundo analista
Segundo os economistas da XP, os riscos ainda parecem inclinados para cima, se a desancoragem das variáveis nominais – taxa de câmbio e expectativas inflacionárias – continuar.
“A tarefa do Copom se tornou mais desafiadora. A inflação e as expectativas de inflação continuam subindo, em linha com o fim da capacidade ociosa na economia, a depreciação cambial e o aumento dos preços de alimentos nos mercados domésticos”, afirmam.
Eles esperam ainda que a autarquia continue ressaltando a importância de uma “política fiscal crível”. Desta vez, devem acrescentar que seria importante o “aprimoramento e a aprovação das medidas recentemente apresentadas”.
Outro tema a ser considerado é a proposta de reforma do Imposto de Renda, que propõe isenção para quem ganha até R$ 5 mil. “Mesmo com medidas para compensar as receitas tributárias mais baixas (aumentando as taxas de imposto para as faixas de rendimentos mais elevadas), o efeito líquido seria expansionista para a demanda interna”, dizem.
E depois de dezembro?
Em relação aos próximos passos do Copom, a XP não espera “quase nenhuma sinalização futura” e concorda que uma eventual alta de 1 p.p. já é suficientemente forte.
“Acreditamos que o comunicado manterá as opções abertas em relação ao ritmo e magnitude total do ciclo. Mas, se estivermos corretos quanto à alta de 1,00 p.p., desta vez o comitê poderia optar por deixar claro que este ritmo de elevação de juros já é suficientemente elevado, com o objetivo de evitar que os mercados especulem acerca de movimentos ainda mais intensos em janeiro”.
Diante da piora das perspectivas de inflação, a XP projeta duas altas de 1 p.p. em dezembro e janeiro, seguidas por duas de 0,50 p.p. em março e maio. Com isso, a taxa Selic vai para 14,25% no pico do atual ciclo de ajuste monetário.
Os economistas veem alguma flexibilização a partir do final de 2025. “Considerando o aperto monetário mais intenso, vemos a demanda interna desacelerando ao longo do ano, a taxa de câmbio se estabilizando e a inflação retornando ao intervalo de tolerância da meta em 2026/2027. Isso permitiria ao Copom reduzir o grau de aperto da política monetária em algum momento”.
Assim, a casa projeta dois cortes de 0,50 p.p. em novembro e dezembro de 2025, e quatro cortes adicionais no primeiro semestre de 2026, que levariam os juros para 11,25%. “Este nível estaria um pouco acima do neutro, algo importante para consolidar o cenário de inflação abaixo do limite superior da meta a partir de 2027”, dizem.