Selic a 12%? UBS BB vê 30% de chances do Copom elevar juros em setembro – e projeta 3 altas
O UBS BB vê 30% de chances do Comitê de Política Monetária (Copom) retomar o ciclo de aperto monetário por mais três reuniões, a partir de setembro — levando a Selic a 12%. Uma depreciação do câmbio ou uma resposta fiscal aquém das expectativas podem explicar essa eventual alta.
“A resposta esperada da política monetária e uma resposta fiscal mais branda subsequente nos deixam com um cenário alternativo de três altas de juros de 0,50 ponto percentual (p.p.) em setembro, novembro e dezembro e retomada dos cortes a partir do início do ano que vem”, dizem.
Os economistas Alexandre de Azara, Fabio Ramos e Rodrigo Martins esperam que, mesmo nesse cenário, a inflação siga abaixo do consenso e que o Copom tome decisões unânimes. Entretanto, como o fiscal deve levar mais tempo para responder, a política monetária carregaria essa “carga”.
Como o dólar se tornou um risco, a ausência de uma resposta fiscal mais aparente pode ajudar a apreciá-lo. “Um câmbio mais próximo de R$ 5,70 mudaria a projeção para da inflação no 1T26 de 3,2% para 3,3%, o que não seria próximo o suficiente para ser caracterizado como ‘em torno’ da meta”, dizem.
“Acreditamos que a resposta fiscal acabará acontecendo. Se não acontecer, deve haver um aumento da Selic”, reiteram.
Segundo a equipe do UBS BB, o cenário de juros fixos em 2024 e 2025 é “muito improvável”. “As taxas devem ser cortadas em dezembro ou aumentadas em setembro e aliviadas no início do ano que vem”, dizem.
O cenário base do UBS BB para Selic
Apesar de projetar uma eventual alta dos juros ainda este ano, o cenário base do UBS BB é de um corte na Selic na reunião de dezembro.
Para isso, os economistas elencam quatro condições necessárias:
- Federal Reserve cortar em setembro, o que parece o cenário mais provável;
- inflação abaixo do consenso — “projetamos 0,6 p.p. abaixo da pesquisa Focus para 2024”;
- decisões unânimes do Copom até dezembro;
- anúncio fiscal convincente, que leve a uma apreciação do real — “projetamos R$ 5,50 até o final do ano”.
O comunicado do Copom
No comunicado do Copom desta quarta-feira (31), todos os membros do comitê votaram por manter a Selic estável.
Os diretores ressaltaram a desinflação mais lenta, a desancoragem das expectativas de inflação e cenário global desafiador.
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Os economistas do UBS dizem que o balanço de riscos permaneceu simétrico, o que foi uma surpresa. No entanto, o Copom listou a taxa de câmbio como um fator de risco adicional para a inflação.
“Entendemos que a maior incerteza fiscal levou ao aumento do risco vindo das expectativas de câmbio e inflação”, afirmam.