Taxa Selic

Selic a 10,75%: 4 pontos para entender por que o Copom elevou os juros em 0,25 p.p.; veja

18 set 2024, 19:33 - atualizado em 18 set 2024, 20:14
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Copom eleva taxa Selic para 10,75% ao ano, apontando risco maior de alta da inflação (Imagem: Reuters/Ueslei Marcelino)

O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual (p.p.), para 10,75% ao ano, apontando risco maior de alta da inflação.

“O cenário, marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, demanda uma política monetária mais contracionista”, dizem os diretores no comunicado.

O Comitê destacou ainda que há uma assimetria altista em seu balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação.

A decisão foi ao encontro das apostas do mercado, que já esperava uma retomada do aperto monetário, após o tom mais hawkish dos diretores nas últimas comunicações.

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Selic a 10,75%: Entenda o movimento do Copom

Internacional

No comunicado, o Copom reforçou que o ambiente externo permanece desafiador, em função do momento de inflexão do ciclo econômico nos Estados Unidos — “o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed”.

Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para as metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho.

“O Comitê avalia que o cenário externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, dizem.

Economia brasileira

Em relação ao cenário doméstico, os diretores ressaltam que o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado dinamismo maior do que o esperado, o que levou a uma reavaliação do hiato para o campo positivo.

Já para o IPCA cheio, assim como medidas de inflação subjacente, eles avaliam que se situaram acima da meta nas divulgações mais recentes.

O Comitê avalia ainda que há uma assimetria altista em seu balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação.

Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas, eles destacam:

  • desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado;
  • maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado; e
  • conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.

Para onde vai a Selic?

O Comitê diz que o ritmo de ajustes futuros na taxa Selic e a magnitude total do ciclo ora iniciado estão em aberto.

Os próximos passos serão ditados pelo “firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.

Decisão unânime

Segundo o comunicado, os dirigentes do Banco Central entraram em consenso e a decisão foi novamente unânime.

Tanto o atual presidente do BC, Campos Neto, quanto o futuro, Gabriel Galípolo, optaram pela alta de 0,25 p.p. dos juros. Ailton Santos, Carolina Barros, Diogo Guillen, Otávio Damaso, Paulo Picchetti, Renato Gomes e Rodrigo Teixeira acompanharam o voto.

Veja o comunicado do Copom