Selic a 10,50% até 2025: XP lista 3 motivos para Copom manter ‘pé no freio’ até o final do ano
A XP Investimentos não vê espaço para o Comitê de Política Monetária (Copom) voltar afrouxar a política monetária tão cedo. “Seguiremos com certo ‘pé no freio’ na economia, embora já em menor magnitude do que no último ano”, afirmam os economistas.
O Banco Central (BC) interrompeu o ciclo de cortes na reunião passada, quando realizou a manutenção da taxa básica de juros a 10,50% em decisão unânime.
- Empiricus Research libera relatórios semanais de renda fixa com recomendações de títulos que podem render acima da Selic. Cadastre-se gratuitamente para receber.
“O Comitê destacou os motivos por trás da pausa no ciclo de cortes na Selic: ambiente externo ainda incerto, e aumento dos riscos no palco doméstico”, explicam.
A XP espera que a Selic permaneça no patamar atual até o final de 2025. O economista-chefe da casa, Caio Megale, e sua equipe avaliam que as incertezas internacionais e domésticas limitam a queda dos juros brasileiros.
O que pesa na Selic?
Lá fora, os juros devem seguir altos nos Estados Unidos. Os economistas avaliam que, apesar de um provável primeiro corte nesse semestre, o afrouxamento monetário deve seguir gradual.
“Juros ainda altos lá fora adicionam riscos à nossa inflação, principalmente por contribuir para o fortalecimento do dólar em relação a outras moedas, especialmente as emergentes – consideradas mais arriscadas e que, portanto, passam a atrair menos capital estrangeiro diante dos altos retornos nos EUA”, destacam.
Já do lado doméstico, eles destacam que o mercado de trabalho forte e o aumento de incertezas fiscais e políticas se traduzem em maiores riscos quando o assunto é controle dos preços.
“Um mercado de trabalho aquecido tende a pressionar os salários, dado o maior poder de barganha de trabalhadores. Com maiores salários, aumenta-se a demanda por bens e serviços na economia – e o movimento de alta de preços se retroalimenta”, dizem.
Já a piora da percepção de risco fiscal impacta a inflação tanto por deteriorar as expectativas sobre a alta de preços no futuro, quanto por pressionar o câmbio.
O fiscal brasileiro
Do lado fiscal, os economistas da XP alertam para os gastos do Governo. “Quanto mais o governo gasta, maior a expectativa de que a demanda aquecida por bens e serviços impulsionará os preços no futuro, desancorando as expectativas sobre a inflação futura”, dizem.
Eles explicam que o risco “precificado” por investidores em ativos brasileiros acompanha o crescimento dos gastos além da arrecadação. O real desvaloriza e pressiona a inflação, afirmam.
Na semana passada, o Ministério da Fazenda anunciou uma contenção orçamentária de R$ 15 bilhões, mas os economistas do mercado a avaliaram como modesta e tardia.
Segundo o economista sênior do Julius Baer Brasil, Gabriel Fongaro, “é muito pouco para reduzir o risco fiscal do Brasil”.