Selic a 10,25% vem aí? Banco Central sinaliza mais dois cortes nos juros ‘se tudo der certo’
A Selic passou do patamar de 11,75% para 11,25% ao ano, após o Comitê de Política Monetária (Copom) realizar mais um corte de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros.
Este é o quinto reajuste desta magnitude desde que o início do afrouxamento monetário, em agosto do ano passado. E o mercado já pode se preparar para, pelo menos, mais cortes de 0,50 pp nas próximas duas reuniões (de março e maio), o que levaria a Selic para 10,25%.
Vale lembrar que o presidente Roberto Campos Neto afirmou, no final do ano passado, que quando o BC fala em cortes de juros da mesma magnitude, ele está considerando duas reuniões para frente. Por isso, a expectativa de uma queda total de até 1 pp.
No entanto, para essa projeção se concretizar, o Banco Central destaca que tudo tem que das certo no cenário esperado. No caso, o esperado pela autoridade monetária é a consolidação não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.
“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, diz o comunicado.
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Fiscal vai impedir cortes na Selic?
O Copom chegou a sinalizar uma certa preocupação com o cenário externo adverso e as incertezas quanto a condução da política fiscal.
Mas, Ginne Siqueira Diniz, superintendente de Investimentos do BB Previdência, destaca que a melhora da atividade econômica e o arrefecimento da inflação corroboram para o processo de queda da taxa básica de juros.
“Diante do comportamento da inflação, que está abaixo do limite superior da meta de 4,75%, a entidade monetária deverá promover mais cortes nas próximas reuniões subsequentes, e com a mesma magnitude, chegando ao patamar de 9% no final do ano”, afirma.
Já Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos, destaca que, apesar dos esforços do governo em buscar soluções para a situação fiscal do país, ainda há muito trabalho pela frente. Para ele, a sustentabilidade das contas públicas a longo prazo requer atenção constante e medidas eficazes para garantir estabilidade econômica.
“Nós temos um problema evidente que é o da dívida alta. É claro que já prevíamos um déficit considerável para 2023, porém foi o segundo pior da história. O governo está tentando criar novas fontes de receita para suprir isso, mas em nenhum momento se fala em corte de despesa, e sim crédito subsidiado, estímulo, e isso provavelmente vai impedir uma queda mais forte dos juros nos próximos anos”, aponta.
Ele ainda lembra que, mesmo o DI recuando nos últimos dias, a curva para 2026 permanece acima de 9%. Ou seja, esse ritmo de afrouxamento monetário não deve se manter por muito tempo. “Dificilmente vamos observar os juros abaixo de 7% ao ano como vimos anteriormente”.