Economia

Selic a 10,25% ou 10,50%? IPCA de maio reforça ceticismo; veja projeções para reunião da semana que vem

11 jun 2024, 15:08 - atualizado em 12 jun 2024, 8:42
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IPCA de maio reforça o cenário de atividade econômica resiliente e mercado de trabalho apertado, o que pressiona flexibilização da Selic (Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Já é consenso entre o mercado que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve interromper o ciclo de flexibilização da Selic já na próxima reunião, que acontece entre 18 e 19 de junho. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acima das expectativas divulgado hoje reforça essa teoria, segundo economistas.

No contrato de opção de Copom — que reflete as expectativas de corte, manutenção ou aumento de juros —, a aposta na manutenção da taxa na decisão da semana que vem era negociada a R$ 91, após a divulgação da inflação de maio. O contrato de redução de 0,25 ponto percentual (p.p.), por sua vez, valia R$ 5.

Para o Itaú Unibanco, a leitura do IPCA de maio reforça o cenário de “uma atividade econômica resiliente e um mercado de trabalho apertado, que pressionam os serviços, principalmente aqueles ligados à mão de obra”.

“Dado que a gente não está esperando nenhum arrefecimento no mercado de trabalho para frente, é um item que deve continuar pressionando a inflação. Vemos [a mão de obra] pressionada o ano inteiro”, reiterou a economista Luciana Rabelo, em entrevista ao Money Times.

Além disso, Rabelo destaca que, em meio às incertezas domésticas e externas crescentes, as expectativas da inflação estão “desancoradas e desancorando”. “Vai na linha de não ter mais espaços para cortes na já próxima reunião”, diz.

Já o Bank of America afirma que, embora algumas medidas importantes do IPCA tenham acelerado, a alta “não foi alarmante”. “Os principais aumentos nos preços de mercado foram devidos aos choques negativos de oferta”, explicam David Beker e Natacha Perez.

Com isso, os economistas continuam esperando outro corte de 0,25 p.p. na taxa Selic na reunião de junho, para 10,25% ao ano (a.a.).

Apesar de irem na contramão do mercado, Beker e Perez admitem que existe o risco de o Comitê se concentrar no aumento das projeções de inflação desde a última reunião, em meio a preocupações fiscais e à depreciação da moeda, e optar por interromper o ciclo de flexibilização mais cedo.

Selic terminal está perto?

Depois de uma mudança na postura do Banco Central, que passou a apontar para um maior risco inflacionário e até reduziu o ritmo de cortes da Selic, o mercado virou sua previsão para pessimista. Para o Itaú, as projeções para a taxa de juros subiram de 10,25% para 10,50%, ao final de 2024 e 2025

“Em meio às expectativas de inflação crescentes (já parcialmente desancoradas), atividade econômica resiliente e maiores incertezas doméstica e externa, entendemos que não há mais espaço para cortes adicionais de juros”, destaca em relatório de segunda-feira (10).

Além do mercado do trabalho apertado e da elevação das expectativas do IPCA, o Itaú cita os números robustos no Produto interno Bruto (PIB) e o câmbio nas máximas. A medida ampla de risco-país, calculada pelo Itaú com base em preços de ativos e seu desempenho relativo, voltou a subir depois de ter alcançado as mínimas pós-pandemia no início do ano.

O BofA, por sua vez, está mais otimista. Apesar dos economistas admitem o risco de o Copom interromper o ciclo de flexibilização mais cedo, acreditam que as taxas devem voltar a ser reduzidas em 2025.

A projeção é apoiada em uma melhora no ambiente global, com o Federal Reserve começando a cortar os juros dos Estados Unidos (EUA) mais tarde em 2024.

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