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Seguro rural paramétrico é inovação ESG na gestão de riscos

31 mar 2023, 10:25 - atualizado em 31 mar 2023, 10:25
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“Ao fornecer proteção financeira aos agricultores em caso de eventos climáticos extremos, o seguro rural paramétrico contribui para reduzir a insegurança alimentar de pequenos produtores”, diz Heverton Peixoto (Foto: ANeto)

A gestão de riscos no campo tem sido motivo de maior preocupação de produtores rurais e cooperativas do agronegócio brasileiro, frente às mudanças climáticas rigorosas – aumento da incidência de geadas e das secas. E o seguro rural paramétrico é uma das principais inovações tecnológicas, de caráter ESG, para mitigar perdas.

Diante do aquecimento global e seus impactos ambientais e sociais significativos, o seguro paramétrico oferece cobertura personalizada, na medida em que utiliza como referência para a elaboração da apólice aspectos climáticos detalhados de cada região, tais como os índices pluviométricos, a incidência solar e a umidade relativa do ar previstas e favoráveis ou não à cultura a ser desenvolvida.

O seguro paramétrico é uma solução sob medida que facilita o acesso/reduz custos aos pequenos produtores frente à contratação das proteções triviais. Ao contrário do que ocorre com o seguro rural tradicional, as perdas do segurado não são avaliadas in loco.

Quando o volume de chuvas for inferior ao previsto, o segurado poderá ser ressarcido em relação ao valor pago. Os parâmetros de medição dos índices são de fontes tecnológicas, como imagens de satélite e dados de estações meteorológicas, como o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), órgão ligado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

A Fundação Getúlio Vargas (FGV-Ibre) estima que o Produto Interno Bruto (PIB) do agro avançará 8% neste ano, ultrapassando a incrível marca de R$ 800 bilhões. Caso esse aumento se confirme, será o maior crescimento do setor desde 2017, quando o PIB registrou alta de 14%. Diante da relevância do agronegócio para a economia do país, o seguro rural paramétrico vem ganhando status de prioridade, inclusive em movimentos do Ministério da Agricultura.

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O cunho social do seguro rural paramétrico

Importante ressaltar que a modalidade também tem um cunho social. Ao fornecer proteção financeira aos agricultores em caso de eventos climáticos extremos, o seguro paramétrico contribui para reduzir a insegurança alimentar de pequenos produtores, estabilizando o ecossistema econômico em no campo e evitando o êxodo rural. Logo, a solução beneficia os mais vulneráveis frente às intempéries, com menos recursos para lidar com as consequências.

Além disso, o seguro rural paramétrico pode ser considerado inclusivo e mais acessível quando comparado ao seguro tradicional. A modalidade é baseada em critérios objetivos, como a ocorrência de eventos climáticos extremos, e não depende de avaliações subjetivas do dano causado a uma propriedade específica. Ou seja, é uma alternativa mais acessível e viável para pequenos produtores, que não têm condições de obter seguros atrelados a avaliações de risco mais complexas.

Outro benefício do seguro rural paramétrico é o impacto ambiental positivo. Protegidos de possíveis prejuízos causados pelos efeitos climáticos, os agricultores podem investir em práticas agrícolas sustentáveis, como a agricultura de conservação e o uso de tecnologias de irrigação mais eficientes. Ações como estas ajudam a reduzir o impacto ambiental da produção agrícola e tornam a agricultura mais resiliente às mudanças climáticas.

Diante de todos esses benefícios, não há dúvidas de que o seguro rural paramétrico tem imenso potencial de crescimento a curto, médio e longo prazo e deve ser visto como uma alternativa importante para salvaguardar os agricultores das intempéries climáticas.

A modalidade oferece não apenas segurança financeira aos produtores rurais, mas indiretamente proporciona impactos positivos ao meio ambiente e à sociedade. Portanto, é uma prática na qual todos saem ganhando e que deve ser ampliada aos produtores rurais de norte a sul do país.

Heverton Peixoto é graduado em Engenharia Civil com MBA em Corporate Finance no Insead, França. Possui experiência relevante de mais de 15 anos em diferentes indústrias e segmentos, tendo atuado por 4 anos como Diretor Executivo da Wiz Corporate e 1 ano como Diretor de Transformação Digital da Wiz. Foi também consultor da Mckinsey & Company de 2008 a 2013, participando ativamente de projetos estratégicos no mercado bancário e de seguros da América Latina. Heverton Peixoto iniciou sua carreira na Rede Esho/Grupo Amil, com relevante experiência na indústria de seguros e saúde suplementar. Foi CEO da Wiz entre 2018 e o início de 2023.