Coluna da Roberta Scrivano

‘Segurança e custódia de criptoativos são fundamentais para investidores institucionais’, diz Rahul Bobba, da Parfin

06 mar 2023, 10:00 - atualizado em 03 mar 2023, 15:57
Custódia de criptoativos deve levar em conta o perfil do investidor, se de varejo ou institucional; confira as tendências de mercado e segurança digital (Imagem: Freepik/macrovector)

A custódia de ativos digitais é tema de diversas discussões no mercado financeiro, principalmente quando entram em pauta as diferentes necessidades para investidores de varejo e institucionais.

Pensando nisso, Rahul Bobba, Product Manager da Parfin, empresa líder em infraestrutura web3 na América Latina, explica o funcionamento e como deve ser feita a custódia de criptoativos para diferentes perfis de investidor. Além disso, ele ainda comenta algumas tendências de mercado e segurança digital para o futuro. Confira a entrevista:

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1 – Qual a diferença entre a custódia de ativos digitais para investidores de varejo e para institucionais?

A custódia de ativos digitais se refere à proteção da chave privada dos ativos. Vale ressaltar que, quem controla as chaves privadas, controla os ativos digitais associados. Ambos, investidores de varejo e institucionais, possuem diversas opções para proteger as chaves privadas.

Investidores de varejo podem optar pela “auto custódia”. Ou seja, proteger a chave privada por conta própria ou delegar a proteção a uma exchange. Ambas abordagens possuem vantagens e desvantagens. Carteiras de auto custódia permitem que os usuários assumam o controle total de seus recursos, mas gera a responsabilidade adicional de proteger a chave privada. Já delegar o serviço para uma exchange traz conveniência e também riscos, como os temidos hacks ou falência da contraparte, como no caso da FTX.

Os institucionais são investidores profissionais, que detêm grandes quantidades de ativos digitais. Esses investidores podem se enquadrar em várias categorias, tais como gestores de fundos, instituições financeiras, mesas de trading, exchanges etc. Investidores institucionais têm a opção de usar um custodiante ou assumir a custódia com a ajuda de provedores de infraestrutura.

É preciso salientar que os investidores institucionais devem considerar vários aspectos complexos com relação à proteção de chaves privadas além de segurança. Isso inclui a regulamentação jurisdicional, compliance, governança de processos e modelo operacional – estejam eles protegendo seus próprios fundos (por exemplo, hedge funds) ou protegendo os fundos do usuário final (por exemplo, exchanges).

2 – O que precisa ser feito (em relação à custódia e segurança) para os investidores institucionais entrarem no mercado de criptomoedas?

A segurança dos ativos digitais e a proteção das chaves privadas são fundamentais para os investidores institucionais. Alguns players da indústria de criptoativos e Web3 já se tornaram vítimas de “hacks” de centenas de milhões de dólares – o que apenas destacam a necessidade de custódia segura e robusta. Ao mesmo tempo, as soluções de custódia institucional estão se tornando cada vez mais maduras, incorporando tecnologias de última geração, como Multi-Party-Computation (MPC).

Os investidores institucionais precisam considerar uma variedade de fatores para tomar decisões de custódia de criptomoedas. Por exemplo: escolha da tecnologia de custódia (entre elas HSM e MPC); estruturas robustas de governança e compliance; modelo operacional de custódia; regulamentos de custódia e licenciamento; cobertura de seguro de Ativos sob Custódia, entre muitos outros.

3 – Quais são as principais inovações e tendências para a custódia de ativos digitais nos próximos anos?

Quatros anos atrás, a quantidade de ativos digitais para investimento era pequena e a custódia institucional focava apenas em proteger chaves privadas. Hoje em dia, o mercado de investimento em cripto cresceu significativamente. Além disso, DeFi, tokenização e NFTs expandiram os casos de uso nas indústrias de ativos tradicionais e digitais.

Neste cenário, a tecnologia de custódia foi desenvolvida com base em tecnologias tradicionais e comprovadas, como HSM. Atualmente, as soluções de custódia precisam consolidar tecnologias avançadas, como MPC. Acrescentar novas camadas de segurança para a custódia cripto deve ser a principal tendência para os próximos anos, como o uso de MPC e HSM em conjunto.

4 – Qual é a adoção de investidores institucionais e como estão participando do ecossistema?

Em 2017, houve um meme popular no ecossistema cripto dizendo: “as instituições estão chegando”. Em 2022, podemos dizer com segurança que as instituições já estão aqui. Muitas instituições financeiras e investidores profissionais desenvolveram uma estratégia de ativos digitais e ganharam exposição por meio de investimentos diretos em criptoativos, indiretamente por meio de gestores de fundos ou investindo em infraestrutura financeira, especialmente unindo as indústrias tradicionais e de ativos digitais.

Aqui estão alguns outros exemplos de como os investidores institucionais podem participar da economia cripto além de investimento em criptomoedas: finanças descentralizadas (DeFi), staking,  NFTs, entre outros. Por fim, é imprescindível que institucionais acompanhem o mercado cripto e empresas sérias, como a Parfin, para entender como alavancar operações através do mercado cripto.