Política

Segurança de Lula e Bolsonaro preocupa diante de caso Kirchner

02 set 2022, 15:50 - atualizado em 02 set 2022, 15:50
Cristina Kirchner
O ataque de quinta-feira à vice-presidente da Argentina, Cristina Fernandez de Kirchner, só aumentou o senso de urgência (Imagem: REUTERS/Agustin Marcarian)

O clima político tenso e uma série de incidentes de violência no Brasil, particularmente o esfaqueamento do presidente Jair Bolsonaro em 2018, levaram a polícia a aumentar o nível de segurança dos candidatos nas eleições deste ano.

O ataque de quinta-feira à vice-presidente da Argentina, Cristina Fernandez de Kirchner, só aumentou o senso de urgência.

Pessoas familiarizadas com as campanhas de Bolsonaro e de seu adversário Luiz Inácio Lula da Silva disseram que os protocolos de segurança que já estavam em vigor – incluindo o uso de coletes à prova de balas e a proibição de abraçar apoiadores em eventos públicos – serão ainda mais rigorosamente aplicados após a tentativa de assassinato em Buenos Aires, onde um homem chegou a poucos centímetros de Cristina e puxou o gatilho de uma arma carregada que não disparou.

Bolsonaro tem dois de seus seguranças constantemente carregando um escudo dobrável num formato de maleta feito de kevlar para evitar ataques de curto alcance, enquanto Lula foi aconselhado a não abraçar eleitores, disseram assessores, pedindo anonimato porque as informações são sensíveis.

Embora nenhum deles evite comícios públicos e raramente mencione problemas de segurança, nos bastidores há centenas de policiais federais, militares e seguranças privados em torno dos candidatos. Somente a Polícia Federal tem cerca de 400 agentes atuando na proteção dos dez presidenciáveis.

Jair Bolsonaro
Bolsonaro tem dois de seus seguranças constantemente carregando um escudo dobrável num formato de maleta feito de kevlar para evitar ataques de curto alcance (Imagem: Isac Nóbrega/PR)

Lula tem uma equipe de segurança privada, além dos cerca de 40 agentes policiais responsáveis por sua proteção, mais a segurança designada por lei aos ex-presidentes, disse uma pessoa. Cerca de um terço dos 15 assentos no avião alugado pelo PT para a campanha é ocupado por agentes.

O ex-presidente resiste ao uso de colete à prova de balas, apesar de em alguns eventos recentes já ter utilizado o equipamento e, muitas vezes, pede exceções à regra para sua segurança para se aproximar de apoiadores. Após a tentativa de assassinato de Cristina, a área de segurança de Lula espera que ele possa mudar de ideia, disse um integrante da campanha a par das discussões.

Bolsonaro, por outro lado, sempre veste colete à prova de balas em eventos públicos, desde que foi esfaqueado. Ele também foi aconselhado a evitar comer em eventos em meio a preocupações de que será envenenado, de acordo com um integrante de sua equipe que pediu para não ser nomeado discutindo informações privadas. Durante o primeiro debate na TV em 28 de agosto, um agente provou um sanduíche antes de Bolsonaro comê-lo. Como a situação foi incomum, o presidente recebeu a recomendação de evitar petiscar em eventos. Ele também só está tomando água entregue por sua equipe.

Em 2018, menos de um mês antes da eleição, o então candidato Bolsonaro foi esfaqueado no abdômen em um evento de campanha em Minas Gerais — uma lesão que ameaçou sua vida e levou a múltiplas cirurgias e hospitalizações desde então.

Este ano, a campanha de Lula tem sido atacada com mais frequência. Em maio, um homem entrou na festa de casamento do ex-presidente em São Paulo. Algumas semanas depois, outro homem invadiu uma coletiva de imprensa onde Lula e seu companheiro de chapa, Geraldo Alckmin, lançavam suas diretrizes governamentais.

Os incidentes mais graves vieram quando um drone jogou um líquido fétido sobre os partidários reunidos em um comício em Minas Gerais em junho e depois, no mês seguinte, quando um homem jogou um pequeno explosivo em outro comício no Rio de Janeiro. Em ambos os casos, o ex-presidente ainda não havia chegado aos eventos.

A campanha de Lula disse que todos os episódios mencionados foram detectados, os suspeitos foram rapidamente presos e encaminhados às autoridades. O Gabinete de Segurança Institucional, responsável pela proteção de Bolsonaro, não respondeu a repetidos pedidos de entrevista e comentários.

Em 30 de agosto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu proibir armas perto e dentro dos postos de votação nos dias próximos à eleição de 2 de outubro, um movimento sem precedentes que veio em meio ao aumento da posse de armas de fogo após Bolsonaro ter flexibilizado as leis.

“Armas e votos não se misturam”, diz trecho da decisão do TSE.

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