Coluna do Einar Rivero

Segurança da renda fixa versus retorno da renda variável: Qual é melhor?

25 abr 2024, 15:46 - atualizado em 25 abr 2024, 15:46
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Trajetória da Selic fez com que investidores migrassem seus ativos da renda variável para a segurança da renda fixa. (Imagem: Getty Images)

Turbulências no mercado financeiro global e oscilações nas taxas de juros têm levado muitos investidores a reavaliar suas carteiras, buscando um novo ponto de equilíbrio entre risco e retorno.

No centro dessa questão está a dicotomia entre renda fixa e renda variável, uma dicotomia que, devido à volatilidade econômica vista nos últimos anos, está mais relevante do que nunca.

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Como está a trajetória da Selic?

Em 2022, a taxa básica de juros brasileira, a Selic, começou uma escalada de alta, chegando a 13,75% em agosto daquele ano e permanecendo nesse patamar até agosto de 2023.

Isso impactou profundamente o comportamento dos investidores, levando muitos a migrar seus ativos da renda variável para a segurança da renda fixa. Não é para menos: quando o risco aumenta, a estabilidade torna-se mais atraente.

(Fonte: Einar Rivero)

Para entendermos a magnitude desse movimento, vale a pena observarmos o desempenho do CDI em comparação com o Ibovespa.

Em 2022, o CDI registrou uma valorização de 12,39%, significativamente maior do que os 4,69% do Ibovespa. A diferença entre os dois reflete a reação do mercado à alta dos juros: uma espécie de corrida em direção ao refúgio da renda fixa.

Isso mudou em 2023. Com a queda da Selic a partir de agosto, o Ibovespa experimentou uma valorização de 22,28%, superando o CDI, que teve alta de 13,04%. É um resultado que sugere mais confiança na renda variável, quase certamente impulsionada pelo otimismo em relação à economia.

Desconfiança do mercado beneficia a renda fixa

Essa jornada não foi linear. Em 2024, mesmo com uma queda de 3 pontos percentuais na taxa Selic, o Ibovespa apresentou uma queda acumulada de 6,75% até 19 de abril, enquanto o CDI manteve uma valorização de 3,24%.

Quando olhamos para o acumulado de 31 de dezembro de 2021 até 19 de abril de 2024, o CDI ainda lidera, com valorização de 31,16%, enquanto o Ibovespa acumula somente 19,37% de valorização.

Isso mostra que, apesar de um cenário mais favorável para a renda variável, o medo da volatilidade continua a ser muito significativo. Em outras palavras, o fator segurança ainda pesa mais na balança do investidor médio, e a estabilidade oferecida pela renda fixa continua valorizada pelo mercado.

(Fonte: Einar Rivero)

Exceções

No entanto, há pontos fora da curva. Em um estudo sobre as ações da B3 com volume médio diário superior a R$ 1 milhão/dia no ano de 2024, encontramos 10 ações que superaram o CDI nos três períodos analisados.

A Plano&Plano (PLPL3), por exemplo, lidera com uma impressionante valorização acumulada de 306,71% desde dezembro de 2021. Outras empresas como Petrobras (PETR4) e Cury (CURY3) também apresentam desempenhos notáveis, com 214,12% e 208,86%, respectivamente.

Risco e retorno na renda variável

Isso indica que, apesar da volatilidade do mercado e da consequente atratividade da renda fixa, há oportunidades significativas na renda variável para quem está disposto a assumir riscos calculados.

Empresas de setores como incorporação, exploração e distribuição de petróleo, bem como água e saneamento, tiveram desempenhos excepcionais nos últimos meses, o que sugere que a diversificação, atrelada a uma estratégia de mais longo prazo, pode oferecer recompensas substanciais.

Ao fim e ao cabo, a dicotomia entre renda fixa e renda variável expressa um dos grandes dilemas do mercado financeiro: qual proporção eu busco entre risco e retorno? Não há ponto de equilíbrio ideal ou universal. Cada investidor deve buscar sua resposta.