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Seguradoras evitam empresas de criptomoedas vinculadas à FTX por medo de reação em cadeia

19 dez 2022, 13:10 - atualizado em 19 dez 2022, 13:10
Seguradoras
A corretora Superscript está dando aos clientes que negociaram com a FTX um questionário obrigatório para que digam o percentual de sua exposição, disse Ben Davis, líder de ativos digitais da Superscript (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic/Illustration)

As seguradoras estão negando ou limitando a cobertura a clientes com exposição à exchange de criptomoedas FTX, deixando os traders de moedas digitais e empresas do setor sem seguro para quaisquer perdas com ataques cibernéticos, roubos ou ações judiciais, disseram vários participantes do mercado.

As seguradoras já estavam relutantes em oferecer seguros de ativos para diretores e gerentes do setor de criptomoedas devido à escassa regulamentação do mercado e aos preços voláteis do bitcoin e outras criptomoedas.

Especialistas na Lloyd’s of London e em Bermudas estão exigindo mais transparência das empresas de criptomoedas sobre sua exposição à FTX. As seguradoras também estão propondo amplas exclusões de apólices para quaisquer reivindicações decorrentes do colapso da empresa.

A corretora Superscript está dando aos clientes que negociaram com a FTX um questionário obrigatório para que digam o percentual de sua exposição, disse Ben Davis, líder de ativos digitais da Superscript.

“Digamos que o cliente tenha 40% de seus ativos totais na FTX sem acesso, ou negaremos (o pedido) ou colocaremos uma exclusão que limita a cobertura sobre quaisquer reclamações decorrentes de recursos detidos pela FTX”, disse ele.

Essas especificações para negar o pagamento de quaisquer reivindicações decorrentes da insolvência da FTX são encontradas em apólices de seguro que cobrem a proteção de ativos digitais e para responsabilidades pessoais de diretores e gerentes de empresas que lidam com criptomoedas, disseram cinco fontes de seguros à Reuters.

Algumas seguradoras têm pressionado por uma ampla exclusão de apólices em casos que sejam encontradas qualquer relação com à FTX, disse um corretor.

A seguradora de criptomoedas Relm, com sede nas Bermudas, que anteriormente fornecia cobertura para entidades vinculadas à FTX, adota uma abordagem ainda mais rígida.

“Se tivermos que incluir uma exclusão de criptomoedas ou uma exclusão regulatória, simplesmente não vamos oferecer a cobertura”, disse o cofundador da Relm Joe Ziolkowski.

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Apólices de executivos

Uma das questões mais urgentes é se as seguradoras cobrirão as apólices D&O (de diretores e gerentes) em outras empresas que tiveram fizeram negócios com a FTX, diante dos problemas ligados ao alto escalão da exchange, disse Ziolkowski.

As apólices de D&O, usadas para pagar custos judiciais, nem sempre compensam em casos de fraude.

Os promotores dos Estados Unidos dizem que Sam Bankman-Fried, ex-presidente da FTX, envolveu-se em um esquema para fraudar os clientes da exchange, apropriando-se indevidamente de seus depósitos para pagar despesas e dívidas e fazer investimentos em nome da Alameda Research LLC, um fundo de criptomoedas de sua propriedade.

Um advogado de Bankman-Fried disse na terça-feira que seu cliente está considerando todas as opções legais.

A cobertura de um segurado D&O pode agora ser limitada a dezenas de milhões de dólares, disse Ziolkowski. Partes menos arriscadas do mercado de criptomoedas, como companhias que têm carteiras digitais e plataformas não conectadas à internet, podem fechar uma cobertura de até 1 bilhão de dólares.

O colapso da FTX provavelmente também levará a um aumento nas taxas de seguros, especialmente no mercado de D&O norte-americano, disseram as seguradoras. As taxas já são altas devido aos riscos percebidos e à falta de dados históricos sobre perdas de seguros de criptomoedas.