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Seguradoras concluem que US$ 2 trilhões não cobrem uma pandemia

08 dez 2020, 15:45 - atualizado em 08 dez 2020, 15:45
Allianz
A Allianz, maior seguradora da Europa, disse que vai se concentrar em revisar contratos para excluir pandemias. E a Munich Re parou de vender apólices que cobrem pandemias para empresas (Imagem: Reuters/Charles Platiau)

Não existem muitos contextos em que US$ 2 trilhões pareçam uma soma insignificante. Então surge uma pandemia.

Diante das consequências econômicas da Covid-19, seguradoras emitiram alertas existenciais e empresas descobriram que não estavam cobertas. Isso inundou tribunais de processos e levou governos a tomarem medidas para evitar mais danos.

No centro da questão está a realidade de que os US$ 2 trilhões em capital do setor global de seguros, que exclui o segmento de vida, não serão suficientes em um evento de “cisne negro”, como um ataque cibernético ou outra pandemia que abalem a economia global.

Parlamentares do Reino Unido, da União Europeia e dos Estados Unidos buscam maneiras de os contribuintes ajudarem de uma forma mais previsível do que resgates elaborados às pressas. Gigantes de seguros, como Chubb, Axa e Lloyd’s of London, pressionam por ações antes que as lições de 2020 desapareçam.

“A pandemia não é um risco que você pode cobrir”, disse o CEO da Swiss Re, Christian Mumenthaler, em teleconferência sobre o balanço no início do ano. “Os balanços patrimoniais das seguradoras são uma pequena fração” do que pode ser necessário durante uma calamidade.

Qualquer coisa tão grande quanto o risco de uma pandemia, argumenta o setor, precisará do apoio do governo. O coronavírus paralisou economias globais de uma forma para a qual poucos se prepararam, com a receita de milhões de empresas reduzida ou totalmente perdida quando foram forçadas a fechar as portas. Mas está longe de ser a única ameaça possível.

“O mundo se encaminha para um risco mais sistêmico em ataques cibernéticos, cortes da cadeia de suprimentos, invalidez de longo prazo, saúde, etc., etc.”, disse Julian Enoizi, diretor-presidente da Pool Re, uma empresa do Reino Unido que oferece cobertura em parceria com o governo para danos materiais e interrupção dos negócios por ataques terroristas.

“Se fugirmos de riscos que são muito difíceis de cobrir, se não procurarmos usar nossa experiência para encontrar soluções inovadoras e criativas, como parcerias público-privadas e trabalhar com a academia, corremos o risco de nos tornar irrelevantes”, disse em entrevista.

No entanto, os governos carregaram o peso dos custos do alívio relacionados à pandemia em 2020. O Fundo Monetário Internacional estimou que as medidas de resgate financiadas pelos contribuintes já somam US$ 12 trilhões.

Seguradoras nos EUA descobriram que os tribunais geralmente ficam do lado delas em disputas sobre a cobertura de perdas de empresas relacionadas à pandemia, enquanto outras no Reino Unido e na Europa perderam algumas batalhas legais de alto nível.

Os mercados de seguros para eventos, viagens e paralisação de negócios foram afetados pelo coronavírus. Para os que procuram se proteger contra a possibilidade de pandemias, a maioria vai descobrir que as seguradoras estão oferecendo poucas salvaguardas no futuro.

A Allianz, maior seguradora da Europa, disse que vai se concentrar em revisar contratos para excluir pandemias. E a Munich Re parou de vender apólices que cobrem pandemias para empresas.

“Em todas as nossas linhas de negócios, restringimos os termos e condições onde era necessário, com maior clareza”, disse Christopher Swift, CEO da Hartford Financial Services, em conferência do Goldman Sachs na terça-feira. “À medida entrarmos em uma segunda onda aqui, não achamos que teremos qualquer aumento de exposição.”

As conversas sobre ajuda do governo estão em estágio inicial, com propostas de diferentes formas e tamanhos apresentadas pelas seguradoras e examinadas por parlamentares. A resposta dos governos tem variado por país, sendo que França e Estados Unidos estão mais adiantados nos esforços para definir um plano.

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