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Segura, peão! 4 alentos em meio ao rodeio de incertezas que pairam sobre o agronegócio

20 ago 2024, 14:35 - atualizado em 20 ago 2024, 14:35
agronegócio economia
Recorde para financiamentos e demanda firme do mercado de capitais são alguns dos sinais de otimismo para o agronegócio  (iStock.com/JohannesCompaan)

“É a economia, estúpido!”. A frase cunhada por James Carville, à época em que atuava como estrategista da campanha à presidência dos EUA do ex-presidente Bill Clinton, nunca esteve tão em voga.

Claro, que “a vida como ela é” passa ao largo dessas questões, mas ao mesmo tempo não podemos fingir que elas não afetam, no mínimo, os nossos humores, quiçá as cotações do câmbio, os índices da bolsa daqui e de acolá – com o Ibovespa batendo recordes em um cenário internacional cada vez mais incerto e internamente não menos desafiador como temos visto. 

Os desafios vem principalmente, no campo dos preços de produtos do agronegócio, que certamente ainda vão variar bastante ao sabor do bailão, que segue animado para o segundo semestre de 2024.

Como fica a previsibilidade em tempo de incertezas?

Estamos buscando um mínimo de previsibilidade para trabalhar, cumprir as agendas do dia a dia e o noticiário não nos dá um só minuto de trégua. Haja habilidade em domar a “montaria” para o gestor no campo.

Nesse momento foi inevitável então que a famosa frase não passeie pela nossa coluna, tal qual o “Boi Bandido” pelo imaginário do público da Festa do Peão que está acontecendo de 15 a 25 de agosto em Barretos (São Paulo).

Como havíamos relatado nas duas últimas colunas, acredito que até a eleição nos EUA, em 05 de novembro, viveremos nessa montanha russa de emoções, sentimentos e sensações contraditórias em relação ao mercado em geral, o que, longe de trazer calmaria, aguça a imprevisibilidade dos mercados e cotações de taxas, câmbio e preços de produtos agropecuários no mercado.

Segura, peão!

Com isso, o analista e o gestor no agro estão como um peão da festa de Barretos, tentando se equilibrar em cima dos bois brabos e dos cavalos nas corcoveadas do “mercado”. É o “Boi Bandido” à espreita de quem não conseguir se segurar na sela da montaria.

Assim, para ajudar a deixar a “montaria” mais segura, legal a gente tentar complementar o raciocínio desenvolvido nas últimas colunas – tratando de incertezas, em geral – elencando algumas certezas para o público entender onde o “peão” pode e deve se apegar para passar pelo momento de incertezas, como o mínimo possível de riscos de queda forte da sela no picadeiro central dos negócios:

  1. Recordes de disponibilidades/formas de financiamento para o agro: o Plano Safra 24/25 e o próprio mercado financeiro e de capitais têm corroborado com esse cenário, acenando com mais recursos disponíveis ao produtor rural e para o gestor de negócios na Cadeia Ampla do Agronegócio;
  2. Demanda firme do mercado de capitais: O apetite de investidores para o agro no mercado de capitais não diminuiu, muito pelo contrário, como prova disso, temos as novas emissões de quotas de Fiagros – mesmo em um cenário mais desafiador para esses fundos – e até a captação de CDCA (Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio da ordem de R$ 8,5 Bilhões, levada a efeito no final da semana passada pelo BTG Pactual, para o seu braço de comercialização de commodities, a trading ENGELHARDT CTP, confirmando o apetite do mercado (e do investidor) por mais (e mais diversos) papéis do setor; 
  3. Crescimento da China: apesar dos patamares abaixo do que ocorreu no passado, as médias são consistentes e atreladas a um PIB já bem maior em relação ao passado recente, refletindo uma consistência na demanda das commodities no tempo, aumentando as certezas quando se tem por horizonte o médio/longo prazos no agronegócio; e
  4. Disposição do BACEN em ser firme na Política Monetária no Brasil: o Banco Central do Brasil tem sinalizado constantemente em guardar a sua posição de independência institucional, defendendo a moeda em detrimento das questões fiscais conjunturais enfrentadas pelo Governo Federal, o que, apesar de sinalizar com aumento e/ou disposição de aumentar a taxa básica de juros em curtos e médios prazos, diminui as expectativas inflacionárias e traz o câmbio a patamares mais racionais no curto prazo, ajudando a previsibilidade mais a longo prazo. 

Um olhar otimista no agronegócio

Vamos tentar olhar o “copo meio cheio”, mais do que o “copo meio vazio”, principalmente no agronegócio brasileiro que vai muito bem de fundamentos, obrigado.

Apesar de todos os solavancos e corcoveio do “Boi Bandido” da economia local e mundial, além da geopolítica internacional, podemos dizer que se o peão segurar firme na sela do financiamento ao agro, da boa governança e olhar mais a longo prazo para o seu negócio, tudo vai passar mais à frente

É certo que tais fundamentos podem ancorar a atuação do gestor e analista do setor até os bons ventos de popa retornarem ao mercado em geral mais pro final desse segundo semestre de 2024.

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André Ricardo Passos de Souza, é sócio-fundador do PSAA - Passos e Sticca Advogados Associados -, com MBA em Finanças e Mercado de Capitais pela MP Consultoria/Banco BBM, LLM em Direito do Mercado Financeiro e de Capitais pelo IBMEC, bacharel em direito pela UERJ. Professor nos programas de pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Conselheiro Fiscal da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
andre.passos@moneytimes.com.br
André Ricardo Passos de Souza, é sócio-fundador do PSAA - Passos e Sticca Advogados Associados -, com MBA em Finanças e Mercado de Capitais pela MP Consultoria/Banco BBM, LLM em Direito do Mercado Financeiro e de Capitais pelo IBMEC, bacharel em direito pela UERJ. Professor nos programas de pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Conselheiro Fiscal da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
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