Segunda maior siderúrgica do Japão aposta em ganho para minério
A produção recorde de aço da China, impulsionada pela iniciativa do governo para projetos de infraestrutura, poderia manter os preços do minério de ferro no maior nível em mais de seis anos, de acordo com uma das maiores siderúrgicas japonesas.
“Devemos nos preparar para que o minério de ferro saia dos níveis atuais” de US$ 120 a tonelada no final do ano fiscal em março, embora uma ligeira queda seja provável, disse Masashi Terahata, diretor financeiro da JFE Holdings, segunda maior siderúrgica do Japão, em entrevista em Tóquio na quinta-feira.
O minério de ferro, ingrediente-chave usado na produção de aço, acumula ganho de quase 40% neste ano e estava perto da cotação mais alta desde 2014 no fechamento em Cingapura na segunda-feira. Os ganhos foram sustentados pela produção de aço bruto da China, que superou 90 milhões de toneladas pelo terceiro mês consecutivo em julho.
O forte apetite pela matéria-prima pode continuar com os estímulos do governo de Pequim, com empréstimos recordes de governos locais para gastar em infraestrutura neste ano.
Ainda assim, a JFE está menos preocupada com o impacto do que no ano passado, quando o rompimento de uma barragem da Vale gerou preocupações com o abastecimento e levou à disparada do preço do minério, de acordo com Terahata.
Isso porque a oferta está mais segura, e os preços do aço, em recuperação. Os preços à vista da chapa de aço na China subiram quase 20% desde a mínima de abril.
“Esperamos que as usinas chinesas aumentem os preços do aço, já que terão que ganhar margem se os preços do minério de ferro subirem”, disse.
Com a forte demanda local do país, menores quantidades de aço são desviadas para o sudeste da Ásia, o principal mercado de exportação da JFE, elevando os preços das chapas. A empresa com sede em Tóquio embarca mais de 40% do aço produzido para o mercado externo.
No Japão, a demanda se recupera gradualmente após atingir o fundo do poço no último trimestre, disse Terahata. A indústria automotiva lidera a recuperação, e a demanda deve retornar aos níveis do ano anterior no quarto trimestre fiscal, disse.
Ainda assim, as perspectivas permanecem incertas, já que alguns setores, como construção naval, permanecem deprimidos e o tamanho da demanda futura é desconhecido.
“Não vemos uma recuperação em forma de V”, disse Terahata. “No longo prazo, esperamos que leve algum tempo para a recuperação do coronavírus. Devemos estar atentos a que velocidade e em que medida a demanda vai se recuperar.”