Secretária nega responsabilidade do ministério por crise da Covid e diz que culpa é do vírus
A secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, eximiu a pasta de responsabilidade pela crise da pandemia de coronavírus no país em depoimento à CPI da Covid no Senado nesta terça-feira, e creditou o estrago causado pela doença ao próprio vírus.
Ao comentar a crise que atingiu Manaus no início do ano, quando pacientes morreram por falta de oxigênio nos hospitais, a secretária transferiu a responsabilidade às autoridades locais e negou ter sido comunicada sobre os riscos de desabastecimento do insumo quando visitou a capital do Amazonas no início de janeiro.
“Não, nenhuma responsabilidade. A responsabilidade da doença é o vírus, senador, não é o Ministério da Saúde”, disse Pinheiro, em resposta ao relator da Comissão Parlamentar de Inquérito, Renan Calheiros (MDB-AL).
A secretaria confirmou teor de depoimento dado à Polícia Federal em 9 de fevereiro em que defendeu a utilização da cloroquina contra a Covid, apesar da falta de comprovação científica de eficácia do medicamento para a Covid, e responsabilizou autoridades estaduais e locais pela crise sanitária no início do ano em Manaus.
Sobre a cloroquina, Pinheiro disse diversas vezes que o ministério não “recomendou”, mas “orientou” o uso da medicação.
A secretaria ficou conhecida como “capitã cloroquina” pela defesa do uso do medicamento contra malária e outros remédios sem eficácia comprovada contra a Covid-19.
A secretaria confirmou também ofício encaminhado à Secretaria de Saúde de Manaus em que estimulava a utilização dos medicamentos orientados, a cloroquina entre eles, classificando como “inadmissível” a não adoção.
Pinheiro justificou que o Ministério da Saúde elaborou nota de orientação em que, a partir de posicionamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), autoriza a prescrição off-label de medicamentos contra a Covid.