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Seca trazida por La Niña impede safra recorde de soja no Brasil

07 jan 2022, 7:27 - atualizado em 07 jan 2022, 7:27
Plantio de soja na Argentina
Menor oferta de soja pode intensificar a inflação de alimentos ao redor do mundo (Imagem: Reuters/Agustin Marcarian)

Maior produtor e exportador mundial de soja, o Brasil não entregará uma safra recorde neste ano.

Analistas cortaram projeções para a produção da oleaginosa no País devido à seca persistente e ao calor que causaram perdas nas plantações da região Sul.

A previsão agora é de produção inferior à do ano passado, quando a colheita chegou a 137,3 milhões de toneladas. Estimativas iniciais apontavam que a safra deste ano chegaria a 145 milhões de toneladas.

A menor oferta de soja — usada em inúmeros produtos, do óleo de cozinha à ração animal — pode intensificar a inflação de alimentos ao redor do mundo.

As preocupações com a safra da América do Sul levaram à disparada das cotações da commodity em Chicago, onde os contratos futuros de soja acumulam alta de 13% desde dezembro.

A menor produção deve resultar em embarques menores do que o inicialmente previsto, aumentando a competitividade das exportações de soja dos EUA.

A região Sul, responsável por cerca de um terço da produção nacional de soja, enfrentou calor e seca tão intensos que, nesta semana, a corretora StoneX reduziu sua estimativa de produção em 7,7% para 134 milhões de toneladas.

Nesta quinta-feira, a consultoria AgRural alertou que a produção pode ser até menor, de 133,4 milhões de toneladas.

As perdas no Paraná estão mais consolidadas porque as plantações estão em estágio avançado de desenvolvimento, enquanto no Rio Grande do Sul, onde o plantio é mais tardio, a projeção de produtividade sofreu um corte drástico porque o clima adverso encurtou o ciclo da soja em várias áreas, segundo a consultoria.

“Chuvas e temperaturas mais amenas são necessárias imediatamente para evitar mais perdas no Estado”, acrescentou a AgRural em relatório.

Em outras regiões, a safra tem bom desenvolvimento e a expectativa é de produtividade elevada no Mato Grosso, o maior produtor do Brasil, onde a colheita já começou.

A falta de chuva e o calor extremo no Sul são causados pelo fenômeno La Niña, que atinge o setor agrícola do País pelo segundo ano consecutivo.

A Argentina, outra grande fornecedora da oleaginosa, enfrenta um padrão climático semelhante, com déficits de umidade atingindo pelo menos 75% da produção de soja do país na próxima semana, de acordo com o Commodity Weather Group.

A revisão das estimativas privadas para a safra brasileira nesta semana sinaliza prováveis cortes nas estimativas oficiais na próxima semana, quando a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) devem divulgar previsões para a safra brasileira.