Mercados

Seca dos IPOs: Fabio Nazari, do BTG, não vê janela para este ano; ‘tem que esperar o gringo vir’

25 jun 2024, 9:48 - atualizado em 25 jun 2024, 9:51
IPOS
Seca dos IPOs assola a Bolsa brasileira desde 2021 (Imagem: Diana Cheng/Money Times)

A seca de ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) assola o mercado brasileiro desde 2021. O cenário atual é significativamente diferente do visto naquele ano, quando a B3 registrou 46 IPOs. Somado a isso, a forte saída do fluxo de capital estrangeiro também mexe com a Bolsa brasileira.

Fabio Nazari, chefe de equity capital markets do BTG Pactual, defende que, desde o início dos anos 2000, é possível observar no mercado períodos de dois ou três anos de uma liquidez importante e, depois, um fechamento de janela, o que, para ele, é algo mecânico.

Durante o 25º encontro internacional de relações com investidores e mercado de capitais, promovido pelo Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI) e pela Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), ele pontuou que, puxando o histórico, houve parada em 2008, em 2014 e 2016, “soluços” em 2017 e em 2018, e, mais recente, em 2021, com o mercado de capitais “parado” até agora.

“As paradas que o mercado de capitais brasileiro teve nos últimos 20 anos, uma essencialmente foi em função de um movimento global — a crise da Lehman — e o resto foi aspecto muito mais localizado relativo à América Latina ou Brasil, especificamente”. 

Nazari pontua que, em 2021, ocorreu um “freio de arrumação”, impulsionado por uma puxada de juros em todas as localidades, mais ou menos no mesmo momento em que o Brasil começou antes mesmo dos Estados Unidos.

“Muita gente me pergunta, cliente, investidor, quando é que vai abrir a janela para o IPO. Não vai abrir este ano. Não adianta, porque o mercado está barato”, diz.

Seca dos IPOs: Brasil precisa contar com gringos

Nazari destaca que o mercado é impactado pela falta de fluxo novo e com a saída dos gringos. Apesar dos desafios, ele vê que a situação “já chegou no valor do aço”.

“O mercado está barato, as empresas estão bem e estão melhorando. Existe o risco do ruído fiscal aqui, que está nos jornais todos os dias, e esse é um negócio que aumenta o custo capital das empresas brasileiras e aumenta o custo capital para as empresas brasileiras à luz do investidor estrangeiro. Mas, mesmo assim, quando a gente olha a capacidade do Brasil de agregar investidores, atrair fluxo de gringo, a gente está em uma condição diferente”.

Ele destaca que, hoje, para o investidor gringo, a China não chama mais atenção como chamava, nem a Rússia ou a Turquia. Por outro lado, o México chama, mas não tem o tamanho do Brasil, enquanto Chile, Peru e Colômbia não contam com mercado de capitais internacionalizados.

“Então, só sobra a gente contra a Índia, e a Índia está valendo mais ou menos 22x o lucro. A gente está com uma coisa de 7 a 8x o lucro, um grau de institucionalização bom, com as instituições bem montadas e o Ministério da Fazenda que está tentando buscar a melhor equação para a gente seguir em frente”, pondera.

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À medida que a taxa de juros dos Estados Unidos começar a dar um sinal de redução, é natural que se veja o Brasil bem posicionado, explica. Neste cenário, ele destaca que a indústria do investidor local, que foi majoritária na janela entre 2019 e 2021, está “muito machucada”.

“Essa turma está muito machucada, não vai ser mais como ela era, então, a gente tem que confiar no gringo, tem que esperar o gringo vir”.

No entanto, à medida que o mercado ver uma Selic mais baixa, que depende muito da questão fiscal, deverá influenciar positivamente o investidor local também, retomando um ambiente um pouco mais favorável.

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