Seca ameaça a produtividade das lavouras de milho safrinha no Paraná e Mato Grosso do Sul
Além do atraso do ciclo da soja, tanto no plantio quanto na colheita, que resultou na semeadura tardia do milho safrinha em boa parte do Brasil, a baixa precipitação em importantes regiões produtoras nas últimas semanas também poderá limitar o potencial produtivo das lavouras.
O monitoramento realizado pela Geosys Brasil por meio de sensoriamento remota aponta que a maioria das regiões produtoras registram pouca chuva.
A ferramenta acendeu um alerta para os estados do Paraná e Mato Grosso do Sul onde a situação é crítica e a seca está mais intensa.
No Paraná, principalmente no norte e oeste do estado, o vigor da vegetação está no menor patamar em relação aos últimos anos.
Felippe Reis, analista de cultura da Geosys Brasil, explica que a situação está relacionada à falta de umidade no solo nos primeiros 25 dias do mês de abril, quando a chuva acumulada foi de apenas 12 milímetros. “A média histórica para o mês é de 90,3mm”, avalia.
O balanço hídrico (P-ETP) é o mais baixo dos últimos 30 anos. Diante desse cenário, a estimativa é que a produtividade fique 21% abaixo da tendência (considerando os últimos 15 anos).
“Caso a seca continue, é possível reduzir ainda mais as estimativas”, afirma o analista.
No Mato Grosso do Sul, o cenário é semelhante. Entre 20 de março e 25 de abril, o volume de chuvas foi de apenas 29,9 milímetros, bem abaixo da média (125,74 mm).
No estado, o vigor da vegetação está em patamar abaixo da média e, caso a seca continue, as lavouras podem ser ainda mais impactadas.
“Foram registradas boas chuvas nos últimos dias no Mato Grosso do Sul, porém, a recuperação das lavouras vai depender de regularidade da chuva nas próximas semanas”, explica Fellipe.
Já no Mato Grosso, apesar da precipitação abaixo da média, choveu praticamente todos os dias nos meses de março e abril (até 25/4), o que permitiu melhor desenvolvimento das lavouras.
Nos primeiros 25 dias de abril, o volume de chuvas foi de 73,7 mm, abaixo da média para o período que é de 101,8 mm.
Os dados do monitoramento identificaram que o índice de vegetação das plantas no Mato Grosso parece ter atingido o menor ponto em relação aos últimos anos, indicando que as lavouras podem não estar em boas condições.
Além disso, a umidade do solo evidencia uma similaridade com 2016, ano em que houve quebra de safra.
Apesar disso, o cenário ainda não é preocupante como naquela época. Por enquanto, espera-se uma produtividade semelhante a 2018, considerando a tendência.
“O relatório de monitoramento indica que é possível haver recuperação das lavouras de milho safrinha no Mato Grosso nas próximas semanas, mas para que isso ocorra será preciso bom volume de chuvas”, explica o analista.
A análise da Geosys Brasil aponta chuva abaixo da média para a maior parte da zona do milho safrinha nos próximos dias.
Segundo o modelo de previsão climática europeu (ECMWF), no Mato Grosso e Paraná, o volume de chuvas para os próximos 10 dias deve ficar entre 0 e 2 milímetros em praticamente todas as regiões.
Atualmente, a estimativa de produção de milho safrinha no Brasil está em 106,07 milhões de toneladas, considerando a produção anual.