Seca acelera colheita de soja da Argentina, mas baixo nível do rio Paraná preocupa
As colheitas de soja e milho da Argentina têm sido impulsionadas por condições climáticas ideais, mas a falta de chuvas que ajuda os produtores nos trabalhos de campo também contribui para que o rio Paraná permaneça com um baixo nível d’água, o que já começou a afetar as exportações agrícolas do país.
A falta de navegabilidade no rio, por onde são transportadas cerca de 80% das exportações de grãos da Argentina, tem sido um “problema subestimado” pelos exportadores, disse nesta quinta-feira o meteorologista German Heinzenknecht, da consultoria Climatologia Aplicada.
“O tempo está excelente para o progresso da colheita. Esperamos algumas chuvas na próxima semana na região leste, mas nada que desacelere a colheita”, afirmou.
“A situação do rio é muito séria e não deve melhorar até o final do ano. A navegabilidade vai piorar”, acrescentou Heinzenknecht.
Os navios estão carregando entre 5.500 toneladas a 7.000 toneladas a menos devido aos baixos níveis d’água, segundo o presidente da Câmara de Atividades Portuárias e Marítimas (CAPyM, na sigla em espanhol), Guillermo Wade.
O nível do Paraná no polo exportador de Rosario, onde estão localizadas algumas das maiores unidades de processamento de soja do mundo, era de apenas 1 metro nesta quinta-feira, segundo a Guarda Costeira argentina.
Entre 1996 e 2020, a profundidade média do rio em Rosario nesta época do ano atingia 3,58 metros.
A medição é baseada em uma escala utilizada por capitães de navios e não reflete a profundidade real do curso d’água. Na verdade, o Paraná é dragado para cerca de 10 metros em Rosario.
A principal causa do baixo nível é o tempo seco no Brasil, onde o rio nasce. Na Argentina, o cinturão agrícola dos Pampas deverá permanecer majoritariamente seco nos próximos dias, com temperaturas acima do normal, disse a Bolsa de Cereais de Buenos Aires em relatório publicado nesta quinta-feira.