Se o dólar ficar abaixo de R$ 5, compre sem medo
De acordo com as projeções mais otimistas dos economistas e demais especialistas de mercado que atuam em corretoras, o dólar deve encerrar o ano valendo entre R$ 4,75 e R$ 5,10.
Particularmente, tenho dúvidas de que a moeda estadunidense volte a ficar abaixo de R$ 5 ainda este ano. Na minha opinião, se isso acontecer, é para comprar todo o dólar que aparecer na frente.
Existe uma distinção da taxa de juros no nosso mercado doméstico em comparação com a taxa de juros no mercado americano. Daí, naturalmente, há uma diferença entre as moedas.
O dólar tem que se valorizar em relação ao real pelo menos o valor da inflação ou da taxa de juros que a gente tem nesses dois países. Então, é normal o dólar continuar se valorizando ao longo do tempo.
Obviamente, há momentos em que ele estica demais, exagera na alta, e em outros momentos nosso mercado fica tão eufórico que ocorre um exagero na valorização do real frente ao dólar.
Como exemplo, depois de vários meses acima dos R$ 5,00, o dólar começou a se depreciar. Nste ano, até o comecinho de setembro, entre altas e baixas, ele acumulava retração em torno de 7% frente ao real. Para quem não lembra, em março US$ 1 chegou a valer R$ 4,58.
O cenário nos primeiros meses do ano dava a impressão de que o real iria entrar em uma longa fase de valorização, rompendo uma sequência de baixa frente ao dólar que vinha desde 2017, ano em que a desvalorização acumulada foi de 1,99%.
Em 2018 de 16,92%, em 2019 de 3,5%, em 2020 de 29,36% e em 2021 de 7,47%. E como dito, neste ano aconteceu o contrário.
Os motivos são conhecidos. O aumento do valor das exportações com a alta dos preços das commodities no mercado internacional é um dos fatores de pressão.
Além disso, os estrangeiros passaram a ver o Brasil como oportunidade. Boa parte do movimento de valorização do real se deve ao fluxo de capital estrangeiro chegando ao país para aproveitar a alta da taxa básica de juros (Selic), que atualmente está entre as maiores taxas de juros reais do mundo.
Quando o investidor estrangeiro traz dinheiro para o Brasil, ele precisa vender seus dólares e comprar reais para poder comprar títulos de renda fixa no Brasil, principalmente títulos públicos.
Essa grande venda de dólares pressionou a cotação da moeda americana para baixo semana após semana.
Mas, apesar de os registros mostrarem que no acumulado do ano o real se valorizou, basta uma conferida na cotação para vermos que as coisas mudaram no decorrer dos meses. No dia 6 de setembro, US$ 1 custava R$ 5,23.
Considerando as variáveis do momento, acredito que a oscilação em favor da moeda dos Estados Unidos deve ficar entre R$ 5 e R$ 5,50. Tenho quase certeza.
Isso, claro, se não houver nenhum estresse eleitoral até o dia da eleição.
A disputa eleitoral deve ser considerada como variável desestabilizadora pelo alto nível de polarização.
Pelos resultados mostrados nas últimas pesquisas, a ideia de terceira via está cada vez mais distante e o que nos resta é ver o comportamento do eleitorado e do mercado daqui para frente. Até o dia da eleição, a única certeza que temos de fato é a volatilidade do mercado financeiro.
A eleição, porém, é apenas um fator a ser considerado. A recessão global também contribui para manter o real bastante desvalorizado. Assim como a possibilidade de o FED, o banco central dos Estados Unidos, subir a taxa básica de juros por lá para conter a alta inflacionária. Todos sabemos qual o impacto dessa decisão.
O dólar foge de mercados de maior risco como é o caso do Brasil em direção à segurança norte-americana que passa a remunerar um pouco mais. Menos do que aqui, sem dúvidas, mas com muito mais segurança. E essa fuga de moeda estadunidense de nosso mercado contribui para o dólar subir, já que se torna mais escasso.
Por essas razões, repito o que disse no começo. Acredito muito que se o dólar em algum momento vier abaixo de R$ 5,00 até final do ano, pode ser uma boa opção para encarteirar um pouco da moeda americana.
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