AgroTimes

Se inflação está ruim, espere pelo La Niña

14 out 2021, 19:43 - atualizado em 14 out 2021, 19:43
Seca
Embora cientistas possam precisar de meses para confirmar se o La Niña retornou definitivamente, todos os sinais indicam que já chegou (Imagem: Pixabay)

O fenômeno climático La Niña parece ter chegado ao Pacífico equatorial, preparando o terreno para o agravamento das secas na Califórnia e na América do Sul, inverno rigoroso em áreas dos Estados Unidos e Japão e maiores riscos para os já limitados suprimentos de energia e alimentos do mundo.

O fenômeno – que começa quando a atmosfera reage a uma zona mais fria de água sobre o Oceano Pacífico – deve durar pelo menos até fevereiro, disse o Centro de Previsão do Clima dos Estados Unidos na quinta-feira.

Há 57% de chance de ser um evento moderado, como o que começou no ano passado, disse o centro.

Embora cientistas possam precisar de meses para confirmar se o La Niña retornou definitivamente, todos os sinais indicam que já chegou.

“Estamos vendo tudo o que queremos ver em um La Niña”, disse Michelle L’Heureux, meteorologista do centro, em entrevista. “Estamos bastante confiantes de que o La Niña está aqui.”

Há meses surgem sinais de que o fenômeno provavelmente estaria se formando, marcando o segundo La Niña consecutivo do mundo. O La Niña — como sua contraparte, El Niño — geralmente atinge o pico no inverno do hemisfério norte, mas seus efeitos podem desencadear consequências em todo o globo.

Seu início nesta temporada pode ter um impacto poderoso sobre os mercados agrícolas que dependem das safras da América do Sul, que enfrentariam condições mais secas, assim como o óleo de palma na Indonésia, onde pode haver aumento das inundações.

O frio e as tempestades tendem a predominar no noroeste do Pacífico e nas planícies do norte dos Estados Unidos quando o La Niña chega, o que pressiona os mercados regionais de energia.

Devido ao La Niña, a Califórnia pode ter pouco alívio para a seca atual, o que agravaria a temporada de incêndios florestais.

O estado mais populoso dos EUA geralmente recebe a maior parte da água anual das chuvas e da neve entre novembro e abril, um padrão que o La Niña ameaça interromper ao mudar a trajetória das tempestades para o norte.

O La Niña provavelmente trará más notícias para os agricultores do sul do Brasil e da Argentina, onde o fenômeno pode causar estiagem, que já atinge a produção de milho, café e soja.

Além disso, a temporada de furacões no Atlântico, que já produziu 20 tempestades nomeadas, pode trazer outras por causa do La Niña.