Se indicado à presidência do BC, Galípolo lutará para satisfazer dois chefes – Faria Lima e Lula –, diz Kanczuk
Gabriel Galípolo, atual diretor de política monetária do Banco Central (BC), terá que lutar para satisfazer dois chefes — a Faria Lima e o presidente Lula –, se for indicado como presidente da autarquia. É o que disse Fabio Kanczuk, ex-diretor de política econômica do BC e diretor de investimentos da ASA Asset, em entrevista ao Money Times.
“Ele vai se esforçar nas duas pontas, mas o Banco Central passará a ter uma restrição a mais do que anteriormente”, afirma o diretor da ASA.
Na análise de Kanczuk, o mercado deve pressionar Galípolo e os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) a elevar a Selic, se a inflação estiver descontrolada. “Se não tiver alguma projeção de que a inflação está caminhando para a meta, será necessária uma política monetária mais apertada. E se não houver ajuda do fiscal, será preciso fazer por via monetária”, diz.
Por outro lado, o presidente da República deve continuar a pressionar a autarquia para entregar juros mais baixos, a fim de ajudar no crescimento do país.
“Galípolo ficará tentando manobrar esses dois chefes e, ao operá-los, ele tende a ser mais leniente do que o Banco Central anterior”, afirma Kanczuk.
Galípolo é apontado como amplo favorito para assumir o cargo atualmente ocupado por Roberto Campos Neto no BC. O mandato do presidente indicado por Jair Bolsonaro acaba no final deste ano e o novo nome assumirá a partir de 2025.
O diretor da ASA e ex-BC diz que o tema da sucessão de Campos Neto ainda é uma tensão para o mercado. “Está em aberto, o próprio Lula não fechou essa questão.”
“Tem uma crença grande de que vai ser o Galípolo mesmo, então deu uma acalmada. Mas, como ainda não foi definido, o Lula pode mudar de ideia”, afirma.
Presidente do Banco Central deve ser anunciado nas próximas semanas
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, em entrevista coletiva, que o novo presidente do BC deve ser anunciado nas próximas semanas. Lula e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, devem se alinhar em relação à nomeação.
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Quanto ao nome a ser apontado, Haddad afirmou que a indicação é uma atribuição do presidente da República.
“Entrou no radar do presidente essa questão. Ele ficou de discutir com o presidente Pacheco a questão da sabatina, em virtude do calendário eleitoral, para garantir que seu nome indicado possa ser sabatinado nesses esforços concentrados que são feitos”, disse na terça-feira (13).