Se descobrir que pagava caro por boi barato, consumidor vai levar outro susto porque vem mais
Se o consumidor comum olhar o preço do boi gordo hoje, coisa que a maioria não o faz, acreditará ter descoberto o porquê do valor da carne não cair no varejo. Mas se ele por pesquisar, aqui no Money Times ou em outras fontes, levará dois sustos.
O primeiro, porque verá que o valor do animal perdeu até R$ 60 em dois meses, e, em menos de uma semana, recuperou quase R$ 50, para chegar nesta quinta (11) na faixa de R$ 300 em São Paulo. Ele continuava pagando caro nos açougues e supermercados para um boi barato.
O segundo será porque perceberá que a carne vai subir mais ainda, ao descobrir, na pesquisa, que se o boi cedeu tudo aquilo pela ausência da China nas importações desde 3 de setembro, imagine com o país retomando as compras, o que certamente acontecerá.
E está com potencial de seguir assim mesmo que o maior importador de carne bovina do Brasil siga parado por mais tempo.
Nesse cenário para poucos entendidos, onde o boi já está chegando próximo do valor de desde o embargo chinês, em 3 de setembro, quando foi tornado público os casos de vaca louca no Brasil, trafega vários indicadores.
Até ontem de manhã, a carne no atacado estava em R$ 18,50 o quilo, saindo de R$ 16,50 no final de outubro, segundo Yago Travagini, da Agrifatto , alimentada pelo aumento da demanda interna (seria o terceiro susto do consumidor?). Hoje já deve ter subido mais um pouco, pelas valorizações do boi na véspera.
A entrada do pagamento do mês mais a capacidade de endividamento melhorada do consumidor assalariado, com a chegada da primeira parcela do 13º até o final de novembro, animaram as vendas.
E os frigoríficos tiveram que ir às compras ofertando mais.
Em paralelo, a redução dos animais de confinamento – “reduziram antes do que os frigoríficos esperavam”, como diz o analista -, os tirou da zona de conforto.
Nessa toada, os produtores já estavam mais encorajados a endurecer, pois houve uma redução dos custos de alimentos para o gado, já que o consumo foi menor por conta do baque na cadeia ocasionado pela retirada da China das importações. Enquanto isso, as chuvas voltando alimentam a esperança de melhora das pastagens até dezembro, em alguns pontos importantes de produção.
Na soma, os pecuaristas ficam propensos a segurar seu boi aguardando melhores preços.
É o caso de Júnior Sidoni, do Pantanal do Mato Grosso do Sul, que há poucos dias, aqui em Money Times , disse que estava esperando uma oferta chegar a R$ 300.
E chegou a R$ 305, acima da média de São Paulo, segundo ele.
“Imagina quando a China voltar”, complementa.
É a pergunta que os consumidores que fazem alguma pesquisa devem estar fazendo.