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Petrobras (PETR4): ‘Se Bolsonaro quisesse interferir nos preços, não indicaria alguém próximo a Guedes’, diz Sergio Gabrielli

25 maio 2022, 16:26 - atualizado em 31 maio 2022, 8:23
Petrobras
Troca na presidência da Petrobras pode trazer redução de preços apenas no curto prazo (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

“Se o presidente Jair Bolsonaro (PL) quisesse, de fato, interferir sustentavelmente na política de preços da Petrobras (PETR3PETR4), ele não indicaria alguém tão próximo ao ministro da economia Paulo Guedes, que é contrário à intervenção sobre o mercado de preços”, avaliou o ex-presidente da petroleira, José Sergio Gabrielli, sobre a troca no comando da petrolífera.

Em entrevista ao Money Times, Gabrielli afirmou que o máximo que pode acontecer em relação à dança de cadeiras da companhia e aos preços dos combustíveis é uma intervenção de curto prazo, até as eleições, o que ele avalia como “muito grave”.

Na segunda-feira (23), Bolsonaro anunciou a demissão relâmpago de José Mauro Ferreira Coelho da Petrobras, após apenas 40 dias de sua posse, e convidou Caio de Andrade para presidir a estatal.

A saída de Coelho foi atribuída aos efeitos da extrema volatilidade do preço do petróleo nos mercados internacionais. Esta é a terceira troca no comando da companhia realizada pelo atual governo na tentativa de controlar os combustíveis.

Desde que Bolsonaro assumiu a presidência da república, em janeiro de 2019, o preço da gasolina subiu cerca de 70%. Já o diesel, avançou aproximadamente 92%.

Confira o gráfico do comportamento do preço dos combustíveis neste período.

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Até que ponto a troca controla a volatilidade do preço dos combustíveis?

Na análise do ex-presidente da Petrobras, a troca na presidência da estatal pode trazer uma intervenção com efeitos de redução de preços no curto prazo.

No entanto, tal medida é desequilibradora no longo prazo, caso não altere — “e eu acho que não vai alterar”, comenta Gabrielli — a política geral de abastecimento.

Para o executivo, a intervenção nos preços até as eleições “é muito grave”. “Se não alterar as políticas de abastecimento de derivados e a dependência das importações, vamos ter crises recorrentes e frequentes no mercado de derivados brasileiros”, afirma.

Gabrielli também reforça que, com a disparada da cotação do petróleo, a questão política se tornou um fenômeno global, não apenas brasileiro.

“Estamos vendo grandes políticas de intervenção no mercado de derivados no mundo inteiro, como nos EUA e na Europa”, lembra.

Com base nesse cenário, o ex-presidente da Petrobras ainda afirma que a privatização da companhia, proposta por Paulo Guedes, “é pior dos mundos”. Isso porque caminha na direção oposta do que precisa ser feito no mercado brasileiro.

O executivo ainda lembra que a provável pressão contra o aumento de preços de combustíveis, principalmente da gasolina, tende a adiar do processo decisório de troca de cadeiras pela instabilidade da governança da companhia. “O efeito imediato disso é uma saída rápida dos investidores de curto prazo”, diz Gabrielli.

Petrobras consegue sustentar uma política de preços?

Para Gabrielli, a Petrobras tem, sim, condições efetivas para sustentar uma política de preços de qualidade. “Não há necessidade de repassar para o preço dos derivados brasileiros toda a variação dos preços internacionais”, avalia.

O executivo afirma que é possível fazer isso sem criar prejuízo para o acionista, pois, hoje, a diferença entre o preço equivalente de barril de petróleo de derivados e o custo de produção no Brasil é “enorme”. 

“Há margem para ajustar as margens do refino da Petrobras sem dar prejuízo. Claro que vai diminuir um pouco o lucro, sem dúvida nenhuma. Mas, atualmente, os lucros da companhia estão sendo escandalosos comparado com outras petrolíferas do mundo”, explica.

Gabrielli ainda lembra que, no último trimestre, a Petrobras teve um retorno sobre o capital entregado duas vezes maior do que outras petrolíferas.

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