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‘Se a gripe aviária surgisse há 15 ou 20 anos, seria um pandemônio’, vê especialista

26 maio 2025, 15:14 - atualizado em 26 maio 2025, 15:14
gripe aviária terra investimentos
Especialista da Terra Investimentos explica que o caso de gripe aviária em granja comercial não poderia ter vindo em "uma hora menos pior". (iStock.com/poco_bw)

O mercado de carnes e commodities acompanha com atenção os desdobramentos da detecção do primeiro caso do vírus da gripe aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul.

O especialista em commodities da Terra Investimentos, Geraldo Isoldi, explica que apesar da gravidade do problema, o Brasil e toda a sua cadeia produtiva já vinha se preparando com ações para contenção dos casos.

Ele estima que o Brasil deixa de exportar 21 mil toneladas de frango por dia, um valor em torno de US$ 37,6 milhões, considerando os 23 destinos para os quais o Brasil está proibido de exportar neste momento. Com isso, a partir deste número, o Brasil perderia em torno de:

  • US$ 376 milhões com 10 dias de embargo
  • US$ 1,128 bilhão com 30 dias de embargo
  • US$ 2,256 bilhões com 60 dias embargo

“No mercado de frango, houve poucas alterações em termos de preço. No milho, houve um reflexo nos preços no dia do caso, mas os valores já estão pressionados com a expectativa de uma oferta recorde. A partir de agora, acredito que as coisas vão se acalmar, desde que não haja novos focos”, disse, ao Money Times.

No que se diz respeito ao milho, Isoldi explica que o caso em granja comercial não poderia ter vindo em “uma hora menos pior”. “Apesar da expectativa de uma oferta elevada, a demanda também deve ser recorde, muito pelo etanol. Ou seja, se perdermos mercado para ração, conseguimos ganhar no etanol ou nas exportações”.

A Conab estima um consumo interno de 90 milhões de toneladas de milho para uma safra estimada em 126 milhões de toneladas, com 34 milhões de toneladas para exportação. “Só não exportamos mais porque não há espaço”.

‘Se o caso de gripe aviária acontecesse há 15 anos, seria um pandemônio’

O especialista comenta que caso os embarques não sejam retomados logo, o embargo causaria um grande aumento nos preços dado que o Brasil é o principal exportador da proteína.

“Se tivéssemos o primeiro caso em uma granja comercial há 15 ou 20 anos, seria um pandemônio. Seria algo muito novo, com poucas informações sobre o tema. Em 1997, quando foi registrado a morte de seis pessoas em Hong Kong, não havia muito conhecimento sobre o tema. Hoje, nós sabemos que não é algo que vai se alastrar como a Covid. Vale lembrar que ninguém se contamina pelo consumo de carne”.

No pior dos cenários, caso o embargo se prolongue mais do que os 60 dias esperados, Isoldi estima que poderemos ver um excesso de oferta de frango no mercado interno, o que pressionaria os preços da proteína, assim como da carne bovina, por ser um alimento concorrente. “Não sei se o governo tomaria alguma providência de restrição em relação ao consumo interno”.

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Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024 e 2025, ficou entre os 100 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024 e 2025, ficou entre os 100 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
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