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Sauditas enfrentam dilema de preços em meio à guerra do petróleo

03 abr 2020, 9:04 - atualizado em 03 abr 2020, 9:04
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Embora as cargas da estatal Aramco possam garantir um pequeno prêmio pela segurança do fornecimento, os preços oficiais da Arábia Saudita precisam refletir o excesso de petróleo bruto (Imagem: Unsplash/@alexander_tsang)

A destruição da demanda e tipos alternativos a preços nunca vistos antes aumentam expectativas de que a Saudi Aramco terá que vender seu petróleo a um custo muito baixo neste mês para deixar os clientes satisfeitos.

A maior exportadora de petróleo do mundo deve anunciar seus preços oficiais de venda para embarques em maio neste domingo.

No mês passado, o reino ofereceu o maior desconto para os suprimentos de abril em pelo menos 20 anos, quando iniciou uma guerra de preços com a Rússia que provocou o colapso dos mercados de petróleo.

Definir os preços será uma tarefa complicada para a Arábia Saudita. Se forem muito altos, os clientes comprarão o mínimo permitido nos contratos a prazo em um cenário de demanda fraca e tanques de armazenamento cada vez mais cheios. Se forem muito baixos, o impacto interno da guerra de preços pode se tornar intolerável.

Refinarias asiáticas estão em uma posição confortável devido à enxurrada de petróleo barato dos EUA e da Rússia. Variedades como o WTI, Mars e Urals estão sendo oferecidas e vendidas com fortes descontos, de acordo com seis autoridades e traders de processadores da região.

A relativa força da referência de Dubai no Oriente Médio em relação ao Brent de Londres não favorece vendedores do Golfo.

Embora as cargas da estatal Aramco possam garantir um pequeno prêmio pela segurança do fornecimento, os preços oficiais da Arábia Saudita precisam refletir o excesso de petróleo bruto e alternativas mais acessíveis no mercado à vista, disseram autoridades e operadores que pediram para não serem identificados.

Representantes da Aramco não comentaram imediatamente quando contatados por e-mail.

A Saudi Aramco divulga preços oficiais de venda todos os meses. Os clientes dizem a quantidade de petróleo que desejam alguns dias após a definição dos preços.

Os compradores têm a opção de levar volumes em uma faixa de preços em torno do estipulado em contratos de longo prazo. Depois que as indicações são feitas, os sauditas informam os compradores sobre os suprimentos que receberão segundo o processo de alocação.

Este mês promete ser diferente. Refinarias estatais indianas disseram que pretendem suspender as compras de petróleo depois de declararem força maior nas importações, já que o bloqueio nacional derrubou a demanda por combustível.

O presidente dos EUA, Donald Trump, também colocou um curinga no jogo, ao sugerir na quinta-feira que intermediou um acordo entre sauditas e Rússia para reduzir a produção, o que impulsionou as cotações do petróleo.

A coalizão Opep+ agora planeja uma reunião virtual com seus membros – e, possivelmente, outros países produtores de petróleo – na segunda-feira após a declaração de Trump, segundo dois delegados.

Assim como as alternativas norte-americanas e russas, suprimentos de outros produtores do Golfo Pérsico estão disponíveis para compradores asiáticos.

Com tantas opções em oferta, a Saudi Aramco precisará colocar todas as cartas na mesa para atrair interesse para os mais de 12 milhões barris por dia de petróleo que está bombeando.

A demanda por petróleo do reino também é desafiada por uma frota de navios-tanque rumo à Ásia com apostas de que o principal centro de demanda do mundo é um bom lugar para estocar a commodity até que as condições do mercado melhorem.