Saúde: Ações do setor caem em bloco com piso de enfermagem, mas algumas empresas vão se dar melhor do que outras; entenda
As ações do setor de saúde abriram a sessão do Ibovespa (IBOV) desta quarta-feira (19) caindo em bloco. O movimento se estende na parte da tarde.
A desvalorização acontece após o presidente Lula (PT) assinar, na véspera, o projeto de lei que regula o pagamento do piso salarial da enfermagem. O texto ainda seguirá para aprovação no Congresso Nacional.
Por volta de 12h17, Hapvida (HAPV3) era quem mais operava em desvalorização, caindo 4,17%. Qualicorp (QUAL3) vinha em seguida, perdendo 3,33%, enquanto Fleury (FLRY3) caía 2,02%. RaiaDrogasil (RADL3) perdia 2,03% e Rede D’Or (RDOR3) recuava 1,58%.
Fora do Ibovespa, outras ações do setor também seguiam na ponta negativa. No mesmo horário, Mater Dei (MATD3) perdia 6,91%, enquanto Hermes Pardini (PARD3) recuava 2,94% e Oncoclínicas (ONCO3) caia 4,04%.
Saúde: Impacto misto
Na avaliação de Luis Novaes, da Terra Investimentos, as empresas respondem de forma negativa ao piso salarial e o impacto no setor será misto. O analista destaca que o impacto pode vir para algumas empresas com exposição a estados onde a remuneração dos profissionais é menor.
Na outra ponta, empresas de saúde com operação focada nos grandes centros urbanos, podem não ser tão atingidas porque o nível de salários é naturalmente maior do que o piso.
“De todo modo, a expectativa é de que continue havendo um desequilíbrio, pois as empresas com remuneração já acima do piso poderiam ser beneficiadas pelas medidas mesmo sem o impacto negativo do aumento salarial”.
Compensação
De acordo com o analista, o atual foco do mercado, nesta discussão que dura meses, é se haverá alguma compensação ao setor privado, a fim de reduzir o impacto da implementação do piso.
“Até o momento, o governo apenas definiu a origem dos recursos para conter o impacto do aumento dos gastos no setor público”, explica Novaes.
Ele destaca que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizou que existe uma discussão com o objetivo de fornecer uma medida compensatória ao setor privado.
“Entretanto, o País possui uma perspectiva fiscal negativa, com expectativa de fechar o ano em déficit, o que torna incerta a concretização de uma medida compensatória pelo governo, como a desoneração da folha de pagamento já especulada anteriormente”.