Agronegócio

São Paulo sugar week: Toda a atenção na posição vendida dos fundos

04 nov 2019, 22:04 - atualizado em 04 nov 2019, 22:05
Participantes debateram as situações mais prováveis para o mercado, que está há bastante tempo preso em um intervalo de baixos preços A(Imagens: REUTERS/Amanda Perobelli)

São Paulo recebeu centenas de participantes do mercado global de açúcar para uma semana inteira de seminários, apresentações e eventos de relacionamento durante a última semana, culminando no Sugar Diner, um jantar de gala que ocorre a cada dois anos e que neste ano contou com cerca de 800 pessoas.

Participantes debateram as situações mais prováveis para o mercado, que está há bastante tempo preso em um intervalo de baixos preços.

Veja abaixo os principais destaques da São Paulo sugar week:

Posições vendidas de especuladores

* A posição vendida mantida por fundos em Nova York, próxima de nível recorde, foi talvez o tópico mais importante. Muitos acreditam que os fundos deixarão essas posições em breve, em um possível gatilho para altas nos preços.

* O analista Claudiu Covrig, da Platts, mencionou semelhanças com 2015, quando coberturas de posições vendidas por especuladores levaram os contratos futuros de 10,15 centavos de dólar para 15 centavos de dólar por libra-peso.

* “Os fundos ficaram vendidos por volta de maio de 2017. Eles parecem confortáveis, mas há sinais que nos mostram que estamos caminhando para um mercado altista”, disse ele.

* Entre esses sinais: os chamados ‘commercials’, representados por consumidores, se moveram para posições compradas líquidas em Nova York e especuladores se tornaram comprados no mercado do açúcar branco, em Londres.

* “Especuladores estao em uma posição totalmente incomum, e isso eu acho que deve dar um ‘start’ pra um preço bom”, disse Dario Gaeta, chefe das operações de açúcar e etanol no Brasil do fundo de investimentos Proterra.

Índia, estoques globais de açúcar

* As vendas de açúcar subsidiadas pela Índia e os amplos estoques globais continuam a ser vistos como os principais obstáculos para uma recuperação dos preços.

* “A proporção estoques/uso em 45% ainda é muito alta. A Índia, sozinha, tem 15 milhões de toneladas em estoques”, disse o trader chefe da Sucden no Brasil, Luiz Silvestre.

* “Visitamos algumas usinas na Índia recentemente, os armazéns estão cheios”, disse Marcelo de Andrade, chefe global de softs da Cofco.

* “Talvez eles não tenham 15 milhões de toneladas, mas certamente têm cerca de 13 milhões ou 14 milhões de toneladas, o que ainda é muito significativo”, acrescentou Andrade.

* Analistas disseram que um eventual salto dos preços do açúcar para cerca de 14 centavos de dólar poderia alavancar as vendas do açúcar estocado pela Índia, limitando novos aumentos de preço.

Nova safra do Brasil

* A nova safra do centro-sul do Brasil, que começa em abril, foi vista estável em termos de tamanho e com poucas alterações no mix de produção entre etanol e açúcar, a não ser que a eventual cobertura de posições vendidas pelos fundos seja mais agressiva que o esperado.

* A Platts projetou a nova safra basicamente no mesmo nível da atual, com 590 milhões de toneladas de cana no ano que vem, ante 584 milhões de toneladas neste ano.

* A Cofco vê a nova safra em 584 milhões de toneladas, versus 587 milhões de toneladas neste ano.

* Para a INTL FCStone, a nova temporada terá 585,7 milhões de toneladas, contra 583,3 milhões de toneladas nesta.

* “Neste ano o mix para o açúcar foi bem baixo, em cerca de 34%. Vemos isso indo para 35% ou 35,5% na próxima temporada”, disse Covrig.

* “Acho que poderemos ver ainda mais cana indo para a produção de etanol”, afirmou Gaeta.

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