São Martinho (SMTO3): XP rebaixa recomendação com valuation pouco atrativo e incerteza para o açúcar
A XP Investimentos rebaixou a recomendação para São Martinho (SMTO3) de compra para neutro (R$ 33,20). Além de uma assimetria difícil, potenciais revisões negativos dos lucros e um valuation (4,3 EV/Ebitda 24/25) pouco atrativo estão entre os motivos para a mudança.
Leonardo Alencar e Pedro Fonseca apontam que o mercado global de açúcar passa, atualmente, por incertezas significativas e, embora início da temporada de colheita no Brasil tenha superado as expectativas, o mix de açúcar foi menor do que o esperado e a perspectiva de rendimento sugere uma tendência de queda acentuada na moagem juntamente de uma entressafra antecipada.
“Os preços do açúcar, tanto à vista quanto no mercado futuro, estão em tendência de baixa, impulsionados por um excedente global aparentemente inevitável, deixando um gosto amargo, embora uma recuperação de curto prazo seja altamente esperada. Por outro lado, as ações da SMTO subiram quase 10% desde o início de junho, superando o desempenho do IBOV e dos preços do açúcar”, explicam.
Com isso, os analistas, que estimam o Ebitda ajustado de 24/25 e 25/26 da São Martinho 5% e 8% abaixo do consenso, enxergam riscos significativos de queda no consenso quando incorporados preços mais baixos do açúcar.
A safra de cana-de-açúcar e os preços da São Martinho
Os analistas da XP esperam que haja uma recuperação de curto prazo nos preços entre o período de entressafra do Brasil e o início da colheita no Hemisfério Norte, embora a perspectiva de longo prazo seja principalmente de baixa.
“Essa recuperação pode ocorrer mais cedo ou mais tarde, dependendo se/quando a safra de cana-de-açúcar do Brasil começar a refletir a fraca precipitação dos últimos meses”.
Apesar de trabalhar com um cenário de alta nos preços do açúcar, acima das curvas futuras atuais, a XP não enxerga revisões materiais no consenso e o valuation permaneceria pouco atraente.
“Em nosso cenário de alta, estimamos níveis de rendimento de FCF pouco atraentes de 8,7% e 6,3% para 2025/26 e 2026/27, respectivamente. Em nossa visão, a alta na commodity deve ser maior do que para o preço das ações da SMTO3 caso vejamos esse rali”, explicam.