Sucroenergia

São Martinho lucra menos em período que produziu mais açúcar e menos etanol

13 ago 2019, 9:48 - atualizado em 13 ago 2019, 10:00
Um dos principais grupos sucroenergético e com ações de bolsa, São Martinho, com sede em Pradapólis, possui 4 unidades (Imagem: Vídeo institucional da São Martinho)

Muitas unidades de açúcar e etanol do Centro-Sul entraram na atual safra com menor quantidade de cana disponível, pelo veranico forte de dezembro a fevereiro, e em simultâneo sofreram com as chuvas de abril. Portanto, menos matéria-prima e atraso na moagem. Mas o nível de produção do mix e as condições de comercialização talvez expliquem, em parte, a queda nos resultados da São Martinho (SMTO3).

“São dados importantes que a gente não conhece em detalhes, daí que é difícil analisarmos balanços intermediários de usinas”, diz Alexandre Figliolino, consultor da MB Agro e ex-diretor de agronegócio do Itaú BBA.

Conforme reportado no fim desta segunda (12), o lucro líquido de R$ 91,5 milhões do primeiro trimestre (abril, maio e junho) do ano-safra 19/20 encolheu 12% sobre o mesmo momento de 2018 (veja o resultado completo em Leia também, acima, dado por Money Times), quando a produção de açúcar alcançou 436 mil toneladas e do etanol 382 milhões de litros. Respectivamente alta de 7,3% e recuo de 21,5%.

Em mais um período alcooleiro, com as usinas destinando mais matéria-prima para o biocombustível, as quatro unidades do grupo produziram mais açúcar contra preços deprimidos no mercado internacional. Segundo a Unica, entidade das usinas, 30% da matéria-prima foi destinada ao etanol até a primeira quinzena de junho.

Vale ressaltar ainda que durante todo o período da safra atual, os prêmios do etanol contra o açúcar estão altos. Em abril, por exemplo, início de safra, chegou ao pico de 36%. Em maio e junho, pouco menores, mas mesmo assim acima de 15%.

E influiu também nos níveis de comercialização de etanol, vis a vis a extraordinária alta do consumo, com a gasolina sempre em desvantagem em competitividade.

Quanto aos compromissos da São Martinho, foi informado mais de 500 mil toneladas de açúcar com preços fixados em 30 de junho, mas não dos meses anteriores. Se a companhia entrou também com níveis elevados de compromissos contratuais de entrega de açúcar no mercado externo, a preços que muito pouco giraram acima dos 12.50 ou 13 c/lp no primeira trimestre da safra, também pode justificar o encolhimento do resultado.

De todo modo, os dados referentes à bagunça que o clima gerou no início de safra são corretos, analisa Alexandre Figliolino. Até houve rendimento maior, mas a queda no ATR (total de açúcares recuperáveis) foi ruim para todo o setor, que trouxe até aqui “uma queda de 5 pontos”.

No período informado, a São Martinho processou 9 milhões de toneladas de cana, encolhimento de  4,9% na comparação anual ano contra ano.

Para o analista da MB Agro, as condições já estão dadas para a recuperação, já que os preços do etanol devem escalar logo mais, como o final de safra, e “níveis de estoques pela metade” (contra média do ano passado), para a entressafra.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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