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Santander (SANB11) melhora visão para crescimento e inflação do Brasil, mas cita riscos fiscais

14 out 2022, 14:51 - atualizado em 14 out 2022, 14:51
Santander
Antes, o banco esperava expansão de 2,6% e contração de 0,2%, respectivamente (Imagem: Rafael Borges/ Money Times)

O Santander (SANB11) elevou suas projeções para o crescimento econômico do Brasil neste ano e no próximo e reduziu as estimativas de inflação para ambos os períodos, mas disse que a mais recente revisão de cenário vem num momento de espera pelos desdobramentos futuros da política econômica e fiscal do país, em meio a riscos para a trajetória de estabilização da dívida no longo prazo.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve crescer 2,8% neste ano e 0,7% em 2023, de acordo com as novas previsões do Santander.

Antes, o banco esperava expansão de 2,6% e contração de 0,2%, respectivamente.

Para o ano que vem, “continuamos a enxergar uma desaceleração da demanda doméstica e de componentes cíclicos da oferta, refletindo a esperada recessão global em paralelo com uma política restritiva por parte do” Banco Central, disseram a economista-chefe do Santander Brasil, Ana Paula Vescovi, e equipe em relatório com data desta sexta-feira.

“Por outro lado, esperamos agora um desempenho mais forte de setores menos cíclicos ligados às commodities (especialmente o caso do setor agropecuário), refletindo expectativas de recorde na safra de grãos 2022/2023.”

Na frente inflacionária, o Santander espera que o IPCA suba 5,5% em 2022 e 5,0% em 2023, contra taxas de 6,3% e 5,3%, respectivamente, vistas em cenário anterior. Os tetos das metas oficiais de inflação são de 5,0% para este ano e de 4,75% para o próximo.

“Os principais fatores por trás da mudança foram: os cortes de impostos implementados em julho tiveram repasse para os consumidores mais intenso do que o esperado; queda do preço do petróleo e redução do preço da gasolina; e surpresas baixistas na inflação de bens duráveis”, disseram Vescovi e equipe no documento, com a inflação do ano que vem devendo apresentar “menores efeitos inerciais advindos de 2022”.

Na frente inflacionária, o Santander espera que o IPCA suba 5,5% em 2022 e 5,0% em 2023, contra taxas de 6,3% e 5,3%, respectivamente (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O banco privado manteve prognósticos anteriores de que a taxa Selic encerrará este ano no patamar atual de 13,75%, antes de recuar para 12,00% até o final de 2023.

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Fiscal

Embora tenha melhorado a visão para o crescimento e a inflação do país, o Santander disse em sua revisão de cenário que segue aguardando os desdobramentos futuros para a política econômica brasileira após a conclusão do período eleitoral, citando preocupações com a trajetória da dívida pública em meio a pressões por mais gastos e alterações nas regras fiscais.

“Vemos pressão ainda maior por um ‘waiver fiscal’ (i.e., uma autorização legislativa para expansão de gastos acima do teto constitucional) no próximo ano”, em parte devido à redução na projeção para a alta do IPCA neste ano, já que o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2023 estima inflação maior, de 7,2%, em 2022.

O teto de gastos, a principal âncora fiscal do país, foi flexibilizado no ano passado sob a PEC dos Precatórios para permitir aumento das despesas com benefícios sociais.

O Santander disse ver medidas como uma reforma tributária, abertura comercial do Brasil e melhorias regulatórias como importantes para aumentar o crescimento potencial da economia (Imagem: Rafael Borges/ Money Times)

“Adicionalmente, seguimos enxergando uma piora futura no déficit nominal, devido ao aumento do custo da dívida (dada a Selic mais alta), implicando em trajetória altista ainda mais íngreme para a dívida pública no médio prazo”, avaliaram Vescovi e equipe.

“Para o longo prazo… continuamos a ver um caminho arriscado para a estabilização da dívida, dada a reduzida eficácia das regras fiscais e as pressões sociais para novos aumentos de gastos.”

O Santander disse ver medidas como uma reforma tributária, abertura comercial do Brasil e melhorias regulatórias como importantes para aumentar o crescimento potencial da economia, e frisou a “necessidade de novamente endereçar a questão fiscal”.

Apesar do alerta, o banco ainda reduziu suas estimativas para a dívida bruta a 78,2% do PIB neste ano, 82,8% no próximo e 88,0% em 2024, contra prognósticos anteriores de 79,0%, 83,5% e 88,9%, respectivamente.

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