Economia

Santander vê inflação acima do teto da meta em 2024 e Selic a 13% no pico; veja as projeções

22 nov 2024, 11:58 - atualizado em 22 nov 2024, 12:04
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(Imagem: Getty Images)

O Santander atualizou suas projeções para a economia brasileira e, agora, espera uma inflação acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central (BC) em 2024 e uma Selic mais alta no próximo ano.

O banco elevou a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024 de 4,4% para 4,8%, uma vez que o efeito baixista da bandeira verde em dezembro foi mais do que compensado pela incorporação dos repasses para o consumidor final do aumento de proteínas no atacado.

A economista-chefe Ana Paula Vescovi e sua equipe afirmam que os itens mais voláteis incorporam o câmbio de R$ 5,70 e R$ 5,80 em 2024 e 2025, respectivamente, com contraponto das commodities e da normalização das chuvas. Já os núcleos respondem a um hiato do emprego mais apertado, com o desemprego terminando este e o próximo ano em 6,3% e 6,8%.

“Entendemos que os choques em alimentos (especialmente em proteínas e desastre no Rio Grande do Sul), a estiagem mais forte e prolongada que a esperada e a depreciação do real foram os responsáveis por alterar o panorama de uma inflação mais próxima do centro da meta para outro que pode romper o limite superior da banda de tolerância”, dizem.

Para 2025, o Santander elevou a expectativa para o IPCA de 3,9% para 4,3%, principalmente pela reversão do efeito base da bandeira tarifária. Para 2026, eles mantiveram a projeção em 4,2%.

Já para a taxa básica de juros, o banco seguiu com a previsão de 11,75% para este ano, mas elevou para 12% em 2025. A Selic deve atingir seu pico em 13%, dizem.

Na escolha sobre o ritmo do ajuste, os economistas afirmam que a desancoragem das expectativas contrastaria com o “gradualismo” sugerido pelos juros reais já elevados, pela desaceleração em gestação e o questionado equilíbrio fiscal. “A decisão será da autoridade monetária, mas a escolha será ditada pela política fiscal”.

“Nós ainda antecipamos uma sequência de altas de 50 pontos-base (pb) na Selic. Nesse contexto, no entanto, nós estendemos o ciclo de elevações nesse ritmo até a reunião de março e adicionamos um ajuste derradeiro, de 25 pb, em maio de 2025”, projetam.

Vescovi e equipe dizem também que a diferença entre a inflação projetada pelo BC no cenário de referência e o centro da meta sugere a manutenção da taxa em 13% ao longo do terceiro trimestre de 2025.

E o PIB?

Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), os economistas do Santander dizem que a atividade segue firme, mas as dúvidas à frente prosseguem.

“Mantivemos a previsão de PIB para 2024 em 3,0% e elevamos a estimativa para 2025 para 1,8% pela perspectiva de mais uma boa safra de grãos”, afirmam.

Segundo o banco, embora haja uma dinâmica ainda forte de curto prazo, especialmente para o terceiro trimestre de 2024, é esperada uma desaceleração da atividade econômica nos últimos três meses do ano. “A incerteza segue elevada para 2024, uma vez que o resultado do PIB do 3T24 trará revisões na série, como é habitual no período”.

Já a projeção para 2025 foi impactada principalmente por um crescimento mais forte da agropecuária. Os economistas ainda veem riscos para esse cenário, uma vez que a política monetária deverá ser ainda mais restritiva, mas o mercado de trabalho segue robusto, enquanto o aumento do estímulo parafiscal poderá constituir um impulso adicional.

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