Santander prevê 2025 desafiador, com inflação a 5,5% e dólar a R$ 6
O Santander prevê um cenário macroeconômico desafiador para o Brasil em 2025, com a inflação atingindo 5,5% (acima do teto da meta, de 4,5%) e o dólar cotado a R$ 6,00.
Apesar de o crescimento do PIB projetado em 1,8%, impulsionado pela resiliência de curto prazo da economia, o banco alerta para um cenário fiscal e monetário mais restritivo atuando como um freio para o crescimento.
A inflação persistente é atribuída à depreciação cambial, mercado de trabalho apertado e atividade econômica ainda aquecida.
O Santander observa que as expectativas de inflação não diminuíram, mesmo após o aumento da taxa Selic para 15,50%, que deve continuar elevada para conter a inflação, com o ciclo de alta podendo ser ainda mais longo.
O relatório projeta que a taxa Selic atinja 15,50% ao final de 2025, com duas altas de 1 ponto percentual nas próximas reuniões do Copom, seguidas por mais uma alta em maio (0,75 pp) e outra em junho (0,5 pp).
Já depreciação do real é atribuída à falta de sinais de mudança na política fiscal, com a dívida pública em trajetória ascendente devido aos custos mais altos e à composição mais atrelada à taxa Selic.
O déficit público é projetado em -1,0% do PIB, com o governo enfrentando dificuldades em cumprir a meta de déficit primário e a pressão para não romper o teto de gastos.
Superávit comercial e mercado de trabalho
O Santander prevê melhora no superávit comercial, com a recuperação das safras agrícolas compensando a queda nos preços das commodities, para as quais o banco mantém uma visão bearish, e a desaceleração das importações.
A taxa de desemprego deve ficar em 6,8%, com o mercado de trabalho aquecido e salários em alta, impulsionados por um crescimento robusto do emprego formal e informal, e absorção de novos entrantes na força de trabalho, na avaliação do banco.
Esse cenário de um mercado de trabalho robusto deve ajudar a mitigar os impactos negativos da política monetária mais restritiva.
O relatório ainda destaca a importância do diferencial de juros para a análise da taxa de câmbio, mas adverte que outros fatores, como a percepção de risco do Brasil, também influenciam o valor do real.