Alimentos

Santander prefere BRF, mas indica Minerva, Camil e JBS no setor em 2018

15 dez 2017, 14:00 - atualizado em 15 dez 2017, 14:04

A retomada na economia brasileira ainda não se traduziu em ganhos ao setor de alimentos & bebidas na B3. Para o Santander, isso provavelmente mudará em 2018, apesar dos desafios, a começar pela volatilidade das eleições. A recomendação é de compra para BRF, Camil, JBS e Minerva, com preços-alvo atualizados para o ano que vem.

“Embora nossa expectativa seja de diminuição dos ventos desfavoráveis, permitindo crescimento rápido de Ebitda no futuro (+26% em média para 2018), acreditamos que as empresas ainda enfrentem vários desafios (alguns auto impingidos), o que deve continuar adicionando volatilidade a uma tendência de recuperação”, diz relatório assinado por Ronaldo Kasinsky.

Ambev

A recomendação para Ambev (ABEV3) é de manutenção devido ao potencial de alta limitado após os ganhos recentes. O preço-alvo para o fim de 2018 passou de R$ 19 para R$ 22. O analista cita a retomada do crescimento do volume no país e menciona como potencial catalisador “preços mais racionais e concorrência mais branda no Brasil (após a aquisição da Brasil Kirin pela Heineken), permitindo que a Ambev ultrapasse o mercado e continue aumentando sua participação na região”.

BRF

O analista do Santander vê as ações da BRF (BRFS3) como sua preferida no setor. Sob uma aposta macroeconômica e cíclica favorável, ele recomenda compra aos papéis, elevando o preço-alvo ao fim de 2018 de R$ 49 para R$ 56. “Apesar da visibilidade ainda fraca sobre a execução, mantemos uma visão positiva sobre o nome, com base em: momento de lucros crescente; potencial de baixa limitado para as expectativas do consenso; valuation razoável.”

Camil

A Camil (CAML3), novata na B3 – as ações estrearam no final de setembro -, tem recomendação de compra e um preço-alvo de R$ 11,50. O Santander entende que a empresa se destaca como uma aposta defensiva na indústria de alimentos da América do Sul, devido à sua carteira variada de marcas líderes de alimentos básicos (baixa elasticidade da demanda) em diversos mercados atrativos da região.

A opinião positiva sobre a companhia se dá por três principais razões:

1 – modelo de negócios atrativo, com margem EBITDA razoavelmente estável (entre 9,8% e 11,7% nos últimos seis anos),

2 – posição de mercado sólida (participação de mercado de 17% em arroz no Brasil), o que acreditamos que coloca a empresa em posição de ser o agente de consolidação natural do mercado altamente fragmentado de arroz no país;

3 – oportunidades para aquisições estratégicas visando diversificar o alcance geográfico e categorias de produtos.

JBS

O Santander recomenda compra para JBS (JBSS3), com preço-alvo ao fim de 2018 de R$ 13, em substituição a R$ 15 ao fim de 2017. Ronaldo Kasinsky cita, pelo lado negativo, o aumento da percepção de risco em razão de escândalo de corrupção envolvendo executivos da empresa. Por outro lado, ele elogia as melhorias operacionais “em todas as divisões” e a exposição geográfica diversificada, com mais de 80% da receita no exterior.

Marfrig

As ações da Marfrig (MRFG3) continuam com a recomendação de manutenção e preço-alvo de R$ 8 para 2018. O Santander vê a empresa em um processo de redução da alavancagem podendo gerar retornos atrativos no futuro, mas ressalta que a decisão de aumentar a capacidade de produção de suas operações brasileiras nos últimos trimestres a fim de captar totalmente o ciclo positivo da carne bovina já esperado no Brasil irá demandar investimentos relevantes de capital de giro e pode impedir o processo.

“No curto prazo, os índices de alavancagem ainda elevados continuam a ser uma preocupação (pois pressionam os resultados finais) e vemos o possível IPO da Keystone como a melhorar alternativa para acelerar a redução da alavancagem e as perspectivas de crescimento dos lucros”, pontua o analista Ronaldo Kasinsky.

Minerva

A recomendação de compra para a Minerva (BEEF3) foi reiterada e o preço-alvo para 2018 reajustado de R$ 14 para 15. O analista espera melhoria na dinâmica da oferta de gado no país, sólida perspectiva de avanço dos resultados sustentada por um processo de redução da alavancagem em andamento e presença em fornecimento mais diversificada após as recentes aquisições (com aproximadamente 80% da receita no exterior).

“Acreditamos que o valuation da Minerva deve refletir a menor liquidez da ação, mas, negociada a um VE/EBITDA 2018E de 5,2x, a ação oferece um dos múltiplos mais baixos em nosso universo de cobertura e um desconto considerável frente aos pares domésticos do setor de alimentos, a nosso ver”, avalia o Santander.