Biocombustível

RenovaBio: com apoio de bancos e B3, mercado de créditos de descarbonização começa em 2020

25 nov 2019, 11:58 - atualizado em 25 nov 2019, 13:18
Gás carbônico CO2
A expectativa é a de que todos os bancos de varejo e outros como o Citi (que não tem mais varejo) entrem no processo (Imagem: Pixabay)

Com o RenovaBio rodando a partir de janeiro, os primeiros bancos a escriturarem os Certificados (ou créditos) de Descarbonização (CBios) que entrarão em negociação no mercado – e por definição também os custodiarem – serão Santander (SANB11), Itaú (ITUB4) e Citibank.

Com o amadurecimento desse novo papel e o aumento da liquidez esperada para o segundo semestre de 2020, espera-se tanto um maior número de emissores quanto de instituições atuantes.

A expectativa, das melhores no Ministério de Minas e Energia (MME), é a de que todos os bancos de varejo e outros como o Citi (que não tem mais varejo mas escritura) entrem no processo com “a animação demonstrada por aquelas três instituições que já se reuniram conosco várias vezes”, informa Paulo Costa, coordenador de biocombustíveis do MME e dos entendimentos com os agentes financeiros e produtores, em entrevista ao Money Times.

B3 Mercados
A Bolsa brasileira também está em conversas com o governo para participar deste mercado (Imagem: B3/Youtube)

Sobre a B3 (B3SA3), Costa conta que a parceria está bem adiantada, com a instituição também devendo atuar na ponta de registro dos CBios, assim como outras instituições.

Como cada CBio será equivalente a 1 tonelada de CO2 evitada de ir para a atmosfera, durante o processo produtivo do biocombustível – portanto, quanto menos poluente for a produção mais papéis serão vendidos pelas indústrias às distribuidoras -, a expectativa do mercado é quanto poderá ser o valor de face inicial.

Entenda o funcionamento do RenovaBio e dos CBios:

Fonte: Ministério de Minas e Energia

Paulo Costa evita avaliar, “até para não ancorar o mercado”, mas em média se trabalha com a previsão de que um CBio possa valer inicialmente em torno de US$ 10.

Mas além da qualidade dos ativos e da maior liquidez, o que também vai determinar melhor a precificação vai ser o crescimento do mercado de carbono e como se posicionarão os ativos ambientais, que definitivamente é o novo programa nacional para biocombustíveis que estará abrindo a partir de janeiro próximo.

Produção de etanol no Nebraska, EUA
Cerca de 160 produtoras já aderiram ao programa da ANP (Imagem: REUTERS/Humeyra Pamuk)

A Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) já conta com aproximadamente 160 produtoras (usinas de etanol, processadoras de biodiesel e outras) em processo de certificação algumas já certificadas para emitirem CBios.

Não significa que todas vão entrar vendendo de cara. “O aprendizado também vai determinar a entrada dos agentes em todas as pontas, tanto na produção quanto na negociação de mercado”, avalia o executivo do MME, que têm acelerado as conversas e reuniões com empresários nesta reta final até a decolagem do RenovaBio.

Certificação e auditoria

O processo de certificação das empresas começa por uma auditoria interna, no qual é mapeado todos seus processos e dos fornecedores.

Uma auditoria externa é contratada (nove já estão autorizadas pela ANP) para inspecionarem as informações de empresas à luz do RenovaCalc (calculadora que medirá as emissões e o ciclo de vida em todo o processo) – Veja aqui.

Para, então, se chegar a quantidade (e veracidade) de CBios que serão emitidos a cada lote de biocombustível vendido às distribuidoras que, na sequência, os negociarão no mercado.

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